Jafar Panahi e outros dois cineastas são presos no Irã
Três cineastas foram presos no Irã nos últimos dias, incluindo o cultuado Jafar Panahi, vencedor do Urso de Ouro do Festival de BerlimTrês cineastas foram presos no Irã nos últimos dias, incluindo o cultuado Jafar Panahi, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim por “Taxi” (2015) e do prêmio de melhor roteiro do Festival de Cannes por “3 faces” (2018). por “Taxi” (2015) e do prêmio de melhor roteiro do Festival de Cannes por “3 faces” (2018).
Na sexta-feira (8), os diretores Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad foram presos e encaminhados para local desconhecido por protestar contra a violência contra civis no Irã. A agência de notícias local Irna informou que eles foram detidos por “incentivar manifestações e perturbar a ordem pública e a segurança da população, quando a cidade de Abadan vivia um drama”, destacou comunicado relembrando o desabamento de um edifício que causou a morte de 43 pessoas em maio.
A catástrofe provocou uma série de manifestações em todo Irã em solidariedade com as famílias das vítimas e contra as autoridades.
Segundo outra agência local, a Mehr, Panahi foi preso ao buscar informações sobre Rasoulof e Aleahmad junto ao Ministério Público de Teerã. No domingo, o diretor fez um post destacando 334 realizadores e ativistas iranianos que protestavam contra a prisão da dupla.
Panahi é conhecido por seus posicionamentos contra o regime no Irã. Em 2010, o diretor foi condenado a 6 anos de prisão e 20 anos de proibição para trabalhar com cinema, por “propaganda contra o governo”. Aos 62 anos, no entanto, ele continua a trabalhar diretamente do Irã, sendo constantemente ameaçado de censura e repressão.
A notícia das prisões causou repulsa na comunidade cinéfila. O Festival de Cannes emitiu uma nota oficial exigindo a pronta libertação dos realizadores.
“O Festival de Cannes condena veementemente essas prisões, bem como a onda de repressão obviamente em andamento no Irã contra seus artistas. O Festival pede a libertação imediata de Mohammad Rasoulof, Mostafa Aleahmad e Jafar Panahi. O Festival de Cannes também deseja reafirmar seu apoio a todos aqueles que, em todo o mundo, são submetidos à violência e à repressão. O Festival permanece e será sempre um refúgio para artistas de todo o mundo e estará incansavelmente ao seu serviço para transmitir as suas vozes em alto e bom som, em defesa da liberdade de criação e de expressão”, destacou comunicado.
Mohammad Rasoulof já exibiu três filmes no Festival de Cannes. “Adeus” (2011) recebeu uma menção honrosa e o prêmio de melhor diretor na mostra Un Certain Regard. “Manuscritos não queimam” (2013) foi considerado o melhor filme pelo júri da crítica, eleito pela Fipresci. Já “A man of integrity” (2017) foi o melhor filme da Un Certain Regard. O diretor também conquistou o Urso de Ouro em Berlim, por “Não há mal algum” (2020).
Com um currículo menos badalado que os colegas, Mostafa Aleahmad tem como principal trabalho o drama “Poosteh” (2009). Ele também possui créditos como produtor e designer de produção.