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Grupo de brasileiros vai aos EUA para falar sobre ‘plano golpista’ de Bolsonaro a autoridades americanas

Uma semana após o presidente Jair Bolsonaro reunir embaixadores em Brasília para apresentar suspeitas, sem provas, sobre o sistema eleitoral brasileiro, um grupo formado por 19 representantes de organizações da sociedade civil embarcou para os Estados Unidos, onde inicia nesta segunda-feira uma série de encontros com autoridades americanas. O objetivo é reunir apoio internacional contra o que chamam de plano golpista de Bolsonaro nas eleições brasileiras e traçar estratégias de reação inspiradas na experiência do país com o ex-presidente Donald Trump.

Na agenda de compromissos do grupo estão reuniões com parlamentares que investigam a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, em janeiro de 2021. Um comitê do Congresso americano apura a responsabilidade do então chefe do Executivo do país na tentativa de invalidar o resultado das eleições que deu vitória a Joe Biden, num episódio considerado um dos maiores ataques à democracia.

— As ameaças ao sistema eleitoral e à democracia no Brasil não são apenas bravatas, estamos diante de um processo golpista efetivamente em curso e o episódio com os embaixadores no último dia 18 foi mais um passo —afirma Flávia Pellegrino, coordenadora -executiva do Pacto pela Democracia, uma coalização de mais de 200 entidades, como Todos Pela Educação, Fundação Tide Setubal, Instituto Ethos, Alana, entre outros.

Além de Pellegrino, viajaram aos Estados Unidos representantes de movimentos sociais, advogados e acadêmicos, incluindo o ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi, integrante da Comissão Arns, e Anielle Franco, diretora do instituto que leva o nome da irmã, Marielle Franco, vereadora do Rio morta em 2018.

A mobilização do grupo de brasileiros é inspirada no que a imprensa americana batizou de “shadow capaign” (campanha secreta), uma série de iniciativas da sociedade civil que tiveram como objetivo barrar qualquer tentativa de Trump de permanecer no cargo. Após as eleições, o então presidente não admitiu a derrota para Biden e passou a contestar os resultados das urnas.

O plano de ação de entidades americanas envolveu desde acordos para que agentes públicos reconhecessem publicamente o resultado das eleições assim que ele foi divulgado, mobilizações populares nas ruas para demonstrar a legitimidade da votação nas urnas a ações rápidas para coibir discursos golpistas — nos EUA, emissoras de TV chegaram a interromper simultaneamente um pronunciamento de Trump em que o então presidente lançava suspeitas infundadas sobre a votação no país.

— A ida desta delegação da sociedade civil aos Estados Unidos é extremamente relevante, pois nos dará a oportunidade de dialogar com atores institucionais e sociais de um país que recentemente passou por episódios muito similares ao contexto que vivemos hoje no Brasil e, portanto, têm muitas experiências e importantes aprendizados a compartilhar — afirma Pellegrino.

Além do encontro com parlamentares como o senador Bernie Sanders e a deputada Susan Wild, o grupo que foi aos Estados Unidos também pretende se reunir com autoridades da Organização dos Estados Americanos (OEA), que atuará como observador das eleições brasileiras em outubro.

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