Fiocruz ilumina Castelo de amarelo pelo Dia Mundial de Combate às Hepatites
Esta quinta-feira (28/7) é o Dia Mundial de Combate às Hepatites – data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ampliar a conscientização sobre o agravo que atinge milhões de pessoas pelo mundo. Em meio ao cenário atual, no qual um surto de hepatite aguda grave de causa até então indeterminada atinge crianças em diferentes países, a prevenção e a disseminação de informação sobre a doença se tornam ainda mais importantes. Para chamar a atenção para a data, o Castelo Mourisco, sede da Fiocruz, será iluminado de amarelo durante toda a noite do dia 28.
O Brasil faz parte da estratégia de reduzir, até 2030, novos casos de hepatites em 90% e o número de mortes em decorrência da infecção em até 65% (Foto: CCS/Fiocruz)
Caracterizada pela inflamação do fígado, a hepatite pode ser ocasionada por uma variedade de vírus infecciosos e, também, agentes não infecciosos. As formas mais comuns são provocadas pelos vírus tipos A, B, C, D ou E, que possuem diferenças significativas no modo de transmissão, prevenção e gravidade clínica. As hepatites virais são consideradas silenciosas. Os vírus podem agir por décadas sem manifestar sintomas, fazendo com que a busca por orientações médicas seja demorada. O desconhecimento sobre o agravo faz com que muitas pessoas só sejam diagnosticadas quando apresentam complicações, como cirrose e câncer de fígado.
Os tipos A e E, que causam infecções agudas benignas e evoluem para a cura sem necessidade de tratamento específico, são adquiridas pela ingestão de água e alimentos contaminados, situação recorrente em regiões onde há precariedade no saneamento básico. Já as hepatites B, C e D (que podem evoluir para quadros mais graves se não tiverem o diagnóstico e o tratamento adequados) podem ser transmitidas por diferentes vias: sexual, percutânea, parenteral e materno-infantil. A OMS relata mais de 1 milhão de óbitos anualmente em decorrência das hepatites B ou C.
Neste ano, notificações de uma hepatite aguda grave de etiologia desconhecida entre crianças menores de 10 anos começaram a surgir em diferentes localidades. Quase mil casos prováveis em mais de 30 países foram relatados desde abril, com cerca de 20 óbitos e dezenas de crianças necessitando de transplantes. Pesquisadores de diversas instituições se dedicam atualmente para identificar o agente etiológico e outros determinantes dessa infeção.
Dentro desse contexto, para a campanha de 2022 do Dia Mundial de Combate às Hepatites, a OMS adotou o tema Trazendo o cuidado da hepatite para mais perto de você (em tradução livre). O mote reforça a necessidade de aproximar unidades primárias de saúde e a sociedade para que a população tenha um melhor acesso ao tratamentos do agravo.
No Brasil, quase 690 mil casos de hepatites virais foram registrados entre 1990 e 2020, com 78 mil mortes entre 2000 a 2019. O país é uma nação membro da OMS e faz parte da estratégia de reduzir, até 2030, novos casos de hepatites em 90% e o número de mortes em decorrência da infecção em até 65%. De acordo com um estudo promovido pela Organização, cerca de 4,5 milhões de mortes prematuras em decorrência das hepatites podem ser prevenidas até 2030 por meio de campanhas informativas, testes diagnósticos, medicamentos e vacinação.
Prevenção
As hepatites virais podem ser controladas com diagnóstico precoce, tratamento e medidas de prevenção. Como podem ser causadas por cinco principais tipos de vírus, são traçadas estratégias específicas de prevenção para cada perfil. As formas de prevenção para as hepatites A e E são focadas no saneamento básico e no escoamento correto da água. Para o tipo A existe vacina disponível gratuitamente a todas as crianças de 15 meses a 05 anos incompletos.
Para evitar as hepatites B, C e D são recomendados o uso de preservativos durante as relações sexuais, a esterilização de objetos cortantes (alicates de unha, por exemplo), e o descarte de alguns materiais de procedimentos percutâneos (como agulhas usadas para tatuagens e perfuração de piercings). O tipo B pode ser prevenido ainda por meio da vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), para todas as faixas etárias desde 2015, em especial, para indivíduos pessoas com maior risco de exposição à doença como manicures, podólogos, tatuadores, caminhoneiros, entre outros.
IOC/Fiocruz no enfrentamento das hepatites
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) conta com um laboratório dedicado exclusivamente ao estudo do agravo. Referência Nacional junto ao Ministério da Saúde, o Laboratório de Hepatites Virais do IOC é responsável pelo desenvolvimento de estudos com foco no esclarecimento do perfil destas infecções, principalmente os provocados pelos tipos B e C. Na área de desenvolvimento tecnológico, o grupo atua na padronização e validação de metodologias aplicadas a testes laboratoriais para diagnóstico das hepatites virais. Atividades de cooperação internacional envolvem países africanos no estudo sobre a prevalência e os fatores de risco associados às hepatites B e C em profissionais de saúde de hospitais locais e à transmissão materno-infantil de hepatite B. O Laboratório mantém ainda um ambulatório de referência para atendimento de casos de hepatites, o que permite a integração entre pesquisa e assistência.