SAÚDE

Covid-19: nova vacina para a Ômicron é aprovada pela primeira vez no mundo

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA) aprovou nesta segunda-feira a primeira versão atualizada da vacina contra a Covid-19. O imunizante, desenvolvido pela farmacêutica Moderna, é chamado de bivalente. Isso porque a formulação envolve tanto a cepa original do Sars-CoV-2, descoberta em 2019, na China, como a subvariante BA.1 da Ômicron, identificada no fim do ano passado na África do Sul.

Agora, o Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização britânico (JCVI) vai decidir sobre a incorporação da nova vacina à campanha antes do próximo inverno, que começa em dezembro no Hemisfério Norte. O anúncio torna o Reino Unido o primeiro país no mundo a dar o aval para uma versão atualizada do imunizante, em meio à prevalência de subvariantes da Ômicron que conseguem escapar com mais facilidade da proteção oferecida pelas vacinas originais.

“A primeira geração de vacinas contra a Covid-19 usadas no Reino Unido continua a fornecer proteção importante contra a doença e a salvar vidas. O que esta vacina bivalente nos dá é uma ferramenta afiada em nossa armadura para nos ajudar a nos proteger da Covid-19 à medida que o vírus continua a evoluir”, diz a chefe executiva da MHRA, June Raine, em comunicado.

Proteção contra as subvariantes

 

O avanço das subvariantes da Ômicron, no entanto, gera preocupações sobre a eficácia de um imunizante desenvolvido com a primeira versão detectada da cepa, a BA.1. Isso porque as duas sublinhagens predominantes agora são a BA.4 e a BA.5, que têm capacidade maior de provocar casos de reinfecção, até mesmo entre aqueles contaminados pela mutação anterior.

Porém, embora o pedido tenha de fato levado a Moderna a iniciar testes clínicos com uma segunda versão de vacina atualizada, a farmacêutica afirma que a primeira candidata, desenvolvida com base na BA.1 e que foi aprovada agora no Reino Unido, também ofereceu uma maior proteção para as duas outras subvariantes emergentes.

Segundo dados de testes clínicos de fase 2/3, divulgados anteriormente pela Moderna, a vacina que recebeu o aval induziu uma produção de anticorpos oito vezes maior contra a Ômicron BA.1 quando aplicada como um reforço. Já em relação a BA.4 e BA.5, o aumento foi de 6,3 vezes. Ambos foram significativamente superiores à resposta induzida pela formulação original, afirmou o laboratório.

“O vírus Sars-CoV-2 está evoluindo continuamente para evitar a imunidade fornecida pelas vacinas. Esta nova vacina bivalente representa o próximo passo no desenvolvimento de imunizantes para combater o vírus, com sua capacidade de levar a uma resposta imune mais ampla do que a vacina original”, afirma o professor Munir Pirmohamed, presidente da Comissão de Medicamentos Humanos da MHRA.

Vacinas atuais seguem eficazes

A Moderna afirmou que está trabalhando com as autoridades de saúde britânicas para disponibilizar em breve o reforço para a população do Reino Unido. O laboratório destacou que o aval também foi solicitado no Canadá, na União Europeia e na Austrália, e que espera novas autorizações nas próximas semanas. O Brasil, porém, não utiliza a vacina da farmacêutica na campanha.

O infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, Leonardo Weissmann explica que a evolução do vírus e a queda na proteção contra novas contaminações pelas vacinas atuais são fatores que demandam o desenvolvimento de novos imunizantes. No entanto, reforça que as aplicações atuais, com o esquema completo de três ou quatro doses, ainda garantem uma alta eficácia para prevenir desfechos graves pela doença.

— A pandemia não acabou, então os investimentos precisam continuar. É importante que tenhamos estudos com novas vacinas, possibilitando avaliar as evidências científicas e oferecer o melhor à população. Mas a eficácia das vacinas atuais contra a forma grave da Covid-19 continua alta, principalmente para as pessoas com as doses de reforço. É preciso que a população se conscientize da importância da imunização e tome todas as doses, para ter uma proteção completa — diz o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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