SAÚDE

Quatro horas de TV por dia aumenta em 20% risco de demência, uma hora no computador reduz em 25%, entenda

Assistir televisão por longos períodos após os 60 anos foi associado a um maior risco de desenvolver dêmencia, enquanto que ler e usar um computador foi apontado como um fator protetor. É o que indica um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e da Universidade do Arizona, ambas nos Estados Unidos. O trabalho foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa apontou que existe ligação entre comportamentos passivos e sedentários (como ver TV) e risco de demência mesmo entre idosos que eram fisicamente ativos.

“Não é o tempo gasto sentado, por si só, mas o tipo de atividade sedentária realizada durante o tempo de lazer que afeta o risco de demência”, disse o autor do estudo David Raichlen, professor de ciências biológicas e antropologia da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC, em comunicado. “Sabemos de estudos anteriores que assistir TV envolve baixos níveis de atividade muscular e uso de energia em comparação com o uso de um computador ou leitura”.

Embora a pesquisa tenha mostrado que ficar sentado sem interrupções por longos períodos está relacionado à redução do fluxo sanguíneo no cérebro, a estimulação intelectual relativamente maior que ocorre durante o uso do computador pode neutralizar os efeitos negativos de ficar sentado, aponta o estudo.

Os pesquisadores usaram dados do UK Biobank, um banco de dados biomédico em larga escala com mais de 500 mil participantes em todo o Reino Unido, para investigar possíveis correlações entre atividade de lazer sedentária e demência em idosos.

Mais de 145 mil participantes com 60 anos ou mais — nenhum dos quais tinha diagnóstico de demência no início do projeto — responderam questionários em tablets informando sobre seus níveis de comportamento sedentário durante o período de exame inicial de 2006 a 2010.

Após uma média de quase 12 anos de acompanhamento, os pesquisadores usaram registros hospitalares de pacientes para determinar o diagnóstico de demência. Eles encontraram 3.507 casos positivos.

Em seguida, a equipe ajustou certos dados demográficos (por exemplo, idade, sexo, raça/etnia, tipo de emprego) e características de estilo de vida (por exemplo, exercícios, tabagismo e uso de álcool, tempo gasto dormindo e participando de contato social) que poderiam afetar a saúde do cérebro.

Os dados mostraram que as pessoas que desenvolveram demência assistiam ao menos três horas e 24 minutos de TV por dia. Assistir quatro horas de televisão por dia foi associado ao aumento de 20% no risco de demência em comparação aos que passavam menos de duas horas em frente àquela tela. Uma hora de uso de computador foi associada à redução de 25% do risco de desenvolvimento da doença em comparação a nenhum uso.

Os resultados permaneceram os mesmos mesmo depois que os cientistas contabilizaram os níveis de atividade física. Mesmo em indivíduos que são altamente ativos fisicamente, o tempo gasto assistindo TV foi associado ao aumento do risco de demência, e o tempo de lazer gasto usando um computador foi associado a um risco reduzido de desenvolver demência.

“Embora saibamos que a atividade física é boa para a saúde do cérebro, muitos de nós pensam que, se formos apenas mais ativos fisicamente durante o dia, podemos combater os efeitos negativos do tempo gasto sentado”, disse o autor do estudo, Gene Alexander, professor de psicologia da Universidade do Arizona, em comunicado.

“Nossas descobertas sugerem que os impactos cerebrais de sentar durante nossas atividades de lazer são realmente separados de quão fisicamente ativos somos. E que ser mais mentalmente ativo, como quando usamos computadores, pode ser uma maneira fundamental de ajudar a combater o aumento do risco de demência relacionado a comportamentos sedentários mais passivos, como assistir TV”.

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