Educação física para o cérebro
Não consigo fazer atividade física. Trabalho muito e não sobra tempo. Estou estudando muito para as provas e não consigo fazer exercício físico. Não dá tempo. Quantas vezes você já não ouviu essas frases? Ou não falou? Mas, e se eu te contar que a atividade física pode ajudar no seu trabalho ou no seu estudo, e até mesmo reduzir o tempo que você passa se dedicando a essas tarefas?
Diversas pesquisas já comprovaram que isso acontece de fato. O exercício físico aciona alterações biológicas que promovem as células cerebrais a se conectarem umas às outras. É através dessas conexões que aprendemos e nos adaptamos aos desafios. E cada vez mais os cientistas estão convencidos que o exercício físico cria um ambiente no qual o cérebro fica pronto, disposto e capacitado a aprender. E mais: a atividade física aeróbica, como a corrida, a caminhada, ou a natação, por exemplo, são as que melhor regulam os sistemas, equilibrando-os e promovendo esse estímulo inigualável.
Portando, estimular o aprendizado, o foco, a concentração, através do exercício físico pode significar menos tempo com melhor aproveitamento, o que te daria tempo para seguir se exercitando e também para construir um corpo mais saudável. E a boa e velha combinação de mente sã, corpo são.
De todos os estudos feitos nessa área, eu gostaria de chamar a atenção para um chamado Zero Hour (Hora Zero), que aconteceu nos Estados Unidos, no Distrito Escolar da Unidade Comunitária de Naperville 203, que é composto por 19 escolas de ensino fundamental e 2 escolas de ensino médio. Antes de começarem as aulas do dia, os alunos deveriam correr 1 milha (equivalente a 1,6 km). Na Naperville Central High School, o professor Neil Duncan marcava o tempo que cada um fazia por volta na pista de atletismo, bem como os batimentos cardíacos, para avaliar o esforço feito. Total de 4 voltas. O objetivo era que a corrida fosse feita no menor tempo possível e que a frequência cardíaca média fosse igual ou superior a 185, o que significava entre 80 e 90% da frequência cardíaca máxima. Após esse esforço, os alunos seriam encaminhados para uma aula de interpretação de texto, com estado de alerta em altíssimo nível. O desempenho médio em leitura e compreensão teve uma melhora de 17% comparado a um aumento de 10,7% entre alunos que seguiram normalmente com a rotina.
O resultado dessa mudança pode ser melhor comprovado nos testes chamados de TIMSS, que são aplicados a cada quatro anos em dezenas de países, com intuito de comprar os níveis de conhecimento de alunos de diversas nacionalidades. Porém, em 1999 a Naperville 203 se inscreveu sozinha, como se fosse um “país” separado, a fim de entender seu desempenho independentemente do restante das escolas americanas. Na seção de ciências, os alunos de Naperville ficaram em primeiro lugar, com participação de 97% dos alunos na prova — e não apenas os mais brilhantes. Na seção de matemática, ocuparam o 6º lugar, atrás de Cingapura, Coreia, Taiwan, Hong King e Japão. Os outros alunos americanos ocuparam as posições de 18º e 19º respectivamente.
Esse estudo nada convencional tornou 19 mil estudantes americanos fisicamente mais bem preparados que todo os outros estudantes do país, e também alguns dos mais inteligentes. Certamente, o ambiente de Naperville foi um ponto positivo, já que ali moram famílias com renda mais alta e com grau de instrução superior.
Mas, o ponto é que as aulas de educação física do programa têm como principal objetivo ensinar e enfatizar sobre a importância do condicionamento físico, sobre o monitoramento e manutenção da própria saúde, com o resultado de uma vida mais longa e feliz. O que se ensina, na verdade, é a ter um estilo de vida com hábitos saudáveis, com senso de diversão e com conhecimento sobre como seus corpos (e mentes) funcionam.