‘É triste saber que o Brasil está passando vergonha lá fora’, lamenta delegada sobre libertação de cônsul alemão
A delegada titular da 14ª DP (Leblon), Daniela Terra, lamentou, nesta terça-feira, a saída do Brasil do cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, suspeito da morte do marido, o belga Walter Henri Maximillen Biot. O diplomata deixou o Brasil rumo ao país europeu neste domingo (28), após ter prisão relaxada pela desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, por considerar que havia demora na denúncia do Ministério Público contra Hahn.
— A prisão preventiva dele foi decretada, e ele está na lista da Interpol. Se foi uma falha ou não, isso tem que ser resolvido entre a Justiça e o Ministério Público — avalia a delegada. — O que me deixa triste é saber que o Brasil está passando vergonha lá fora. O crime saiu em todos os jornais do mundo e, agora, estamos sendo notícia novamente porque o alemão autor de um homicídio escapou. E o Brasil acaba tendo aquela fama de país da impunidade.
Nesta segunda-feira, o Tribunal de Justiça do Rio tornou réu e decretou a prisão preventiva de Uwe Herbert Hahn, pela morte de seu marido. Na decisão, o juiz Gustavo Kalil ainda ordenou que o nome do cônsul seja incluído no banco internacional de procurados e foragidos da Interpol.”Por outro lado, conforme amplamente divulgado pela mídia nessa data, o ora Acusado saiu do país após ser solto em sede de ‘habeas corpus’, tendo chegado nessa manhã à Alemanha, a demonstrar, concretamente, que não pretende se submeter à aplicação da lei penal, um dos pressupostos da prisão preventiva”, diz trecho da decisão de Kalil.
Hahn estava preso desde o dia 6 de agosto. Ele deixou o Brasil rumo a Alemanha neste domingo (28), depois de a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, relaxar a prisão do diplomata, na última sexta-feira (26), por considerar que havia demora na denúncia do Ministério Público contra Hahn. O cônsul chegou a Frankfurt nesta segunda-feira.
Na mesma sexta-feira, o Ministério Público informou, por meio de nota, que “a 1ª Promotoria de Justiça junto ao IV Tribunal do Júri da Capital não foi, até a presente data, intimada para oferecimento de denúncia” e que “assim sendo, nem mesmo se iniciou o prazo para oferecimento da peça acusatória”. Nesta segunda-feira (29), porém, a promotora Bianca Chagas de Macêdo Gonçalves ofereceu denúncia contra o alemão por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, com uso de meio cruel e sem dar chance de defesa à vítima. Na denúncia, a promotora pede a prisão preventiva do diplomata e a quebra de sigilo do celular de Uwe Hahn. O MP também pede que não seja acolhido o pedido de sigilo do processo feito pela defesa do diplomata.