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MP prende Clébio Jacaré, o candidato que declarou ter R$ 5,1 milhões em dinheiro vivo

Clébio Lopes Pereira, o Clébio Jacaré (União Brasil), candidato a deputado federal que declarou um patrimônio de R$ 5,1 milhões em espécie, foi preso na manhã desta quinta-feira na terceira fase da operação Apanthropia desencadeada hoje em Itatiaia, município do Vale do Paraíba fluminense, pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ). A Justiça autorizou a prisão de Jacaré e de outras quatro pessoas, incluindo o vereador e ex-prefeito Silvano Rodrigues da Silva, o Vaninho.

Na decisão, o juiz Marcelo Rubioli, titular da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça, ordenou o afastamento de seis dos dez vereadores da Câmara Municipal de Itatiaia. Jacaré foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, e foi levado para a 16ªDP (Barra da Tijuca).

Eles são acusados de peculato e de compor uma organização criminosa por assumir ilegalmente o controle da Prefeitura local e promover uma farra com os recursos públicos por intermédio de nomeação de funcionários fantasmas e de contratações fraudulentas. O Gaeco suspeita que o mesmo grupo, originário da Baixada Fluminense, deu esse golpe em outras prefeituras fluminenses, arrendando-as dos líderes políticos locais.

Candidato pelo partido União, Clébio Jacaré é apontado como um dos mais atuantes lobistas do Estado do Rio, com negócios suspeitos especialmente na área de Saúde. Em 2020, seu nome apareceu nas investigações da Operação Favorito – que levaria à queda do governador Wilson Witzel – associado a dois empresários presos na ocasião por venderem máscaras ao estado a preços superfaturados. Um deles teria subcontratado uma empresa do grupo de Clébio para aplicar o golpe.

No ranking dos candidatos mais ricos no Estado do Rio, Clébio aparece na nona posição, com um patrimônio total de R$ 15,9 milhões. Além de figurar na Favorito, cujo principal alvo foi o empresário Mário Peixoto, Jacaré é presidente da Doctor Vip Brasil, empresa que teria sido favorecida em negócios na área de saúde da Prefeitura do Rio (na gestão de Marcelo Crivella), segundo apuração do Tribunal de Contas do Município (TCM).

No pedido de prisão deferido pelo juiz Marcello Rubioli, o Gaeco alegou que o esquema liderado por Jacaré arrenda informalmente prefeituras fluminenses, como teria ocorrido em Itatiaia, mediante pagamento de propina a prefeitos e vereadores, e, no momento seguinte, inicia uma série de negócios escusos.

De acordo com as investigações, Clébio atuava como uma espécie de prefeito paralelo e oculto em Itatiaia, tendo designado um homem de confiança, Fábio Alves Ramos, também preso na operação, para ser o chefe de gabinete do prefeito Imberê Moreira Alves (janeiro a junho do ano passado). Assim que fecharam o negócio, Clébio e seus parceiros providenciaram a exoneração de todo o secretariado e indicaram nomes para o seu lugar. Imberê se limitava a assinar os atos. Vaninho, também alvo na ação do MP desta quinta, chegou a ser preso por uma semana em junho do ano passado.

O Gaeco suspeita que o mesmo esquema teria ocorrido em Japeri e em parte da administração de Belford Roxo, municípios da Baixada Fluminense, razão pela qual remeteram extratos da investigação para os promotores locais.

Ex-presidente da Câmara, Imberê foi prefeito interino de Itatiaia, durante cinco meses no ano passado, pois o prefeito eleito, Eduardo Guedes, o Dudu, não pode assumir. Dudu foi eleito em 2016 e reeleito em 2020, mas tinha assumido o cargo de prefeito provisório em 6 de julho de 2016, a 89 dias antes de sua primeira vitória nas urnas. No entendimento do TSE, a reeleição em 2020 configurou um terceiro mandato consecutivo, o que é proibido.

Imberê acabaria afastado a pedido do MP-RJ, na segunda fase da Apanthropia, sob a acusação de encabeçar o desvio de R$ 25 milhões em recursos emergenciais destinados à área de saúde. As investigações já na época alertavam que “Itatiaia atualmente é administrada por uma sólida estrutura criminosa instalada em diversas secretarias municipais”, como sustentou o Gaeco.

Os desafios da investigação, que continua, serão enfrentar o grupo em outras prefeituras fluminenses e comprovar o pagamento da propina, razão pela qual os suspeitos de receber o dinheiro ainda não foram presos.

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