Morador que teve casa invadida na Maré diz que deixa a porta do imóvel aberta ‘para evitar problemas’ em operações
Na tentativa de fugir de policiais militares que faziam uma operação nesta segunda-feira na Vila do João, no Complexo da Maré, 17 suspeitos e um menor entraram na casa de um padeiro de 41 anos, na Baixa do Sapateiro — comunidade vizinha onde os agentes faziam a ação. Dentro da residência, os homens chegaram a fazer uma live na internet para filmar a situação e negociar a rendição com policiais. Entretanto, na delegacia, a vítima negou que tivesse sido feito refém pelo bando criminoso. Ele relatou ainda como os bandidos chegaram ao local. Na casa da vítima os PMs encontraram uma pistola de um dos bandidos escondida dentro de um guarda-roupa.
Em depoimento à 21ª DP (Bonsucesso), o homem disse que estava na cozinha de sua residência, “por volta das 10h, na Baixa do sapateiro, quando notou um barulho no andar superior” da casa. Ele afirmou ainda que, deixou de ir trabalhar porque “já sabia que estava havendo uma operação policial na comunidade”. A vítima afirmou ainda que sempre “deixa a porta principal aberta, para evitar problemas”. Nesta segunda não foi diferente.
Aos investigadores, o padeiro lembrou que notou a presença de vários policiais militares nas proximidades (de sua casa) e percebeu que “houve uma correria de vários marginais correndo pelos terraços das casas vizinhas”. No termo declaratório da vítima ela não citou ter sido feita refém do bando criminoso.
Segundo a Polícia Militar, a negociação começou por volta das 12h. O homem destacou apenas que permitiu a entrada dos PMs em sua casa e que alguns dos bandidos foram detidos “nas lajes vizinhas”. Ele lembrou ainda que os agentes “entraram em sua residência retiraram os marginais pela entrada da sua residência”. A vítima, porém, informou que “houve uma negociação” para que o grupo se entregasse.
Segundo o porta-voz da PM, o tenente-coronel Ivan Blaz, “o vídeo que circula nas redes, mostrando uma live e marginais falando, retrata o momento da rendição dos criminosos, no Complexo da Maré”.
Segundo o homem, ele “não escutou nenhum disparo de arma de fogo”. O morador destacou ainda que “visualizou quatro marginais sendo detidos”. A vítima ainda afirmou que “ouviu um policial militar perguntar aos marginais se tinha alguma arma na laje da casa, foi quando um deles respondeu que tinha uma pistola dentro do guarda-roupa”. O padeiro declarou que o PM foi até o local e encontrou o armamento. Ele destacou ainda que não conhece nenhum dos presos.
Por medo de represálias, a vítima pediu para não reconhecer os criminosos presos.
Na casa do padeiro foram presos: Leandro Silva Ferreira, Rikelme Martins da Silva, Jefferson Luiz Vieira, Iury Oliveira de Aguiar, Nelson de Oliveira Pimentel, Douglas Cavalcanti da Silva, Luan Resende Buarque, Elias do Nascimento Cordeiro, Luiz Eduardo da Silva Barbosa, Francisco Alan de Souza Rodrigues, Luís Carlos Lopes de Souza Júnior, Caio Welbert Pereira de Sousa, Celio Rakson Alves Botelho Gomes, Rômulo Willer Lopes Flausino, Augusto Lourenço da Silva, Gustavo de Assis Campos, Felipe Soares Rodrigues e um menor de 17 anos.
Os 17 maiores foram presos em flagrante por tentativa de homicídio, sequestro e cárcere privado, além de associação para o tráfico de drogas. Já o menor foi detido por fato análogo pelos mesmos crimes.
Em depoimento, o 2º sargento Alan Barbosa de Almeida, do Bope, afirmou que sua equipe patrulhava a localidade quando “teve a informação por um transeunte que havia uma casa (com) diversos elementos armados escondidos no interior dela”. Ainda segundo o praça, foram até o endereço e cercaram a casa. Ele relatou em seu termo declaratório que “os marginais, assim que perceberam que estavam cercados, passaram a atacar os policiais a tiros” e que por isso ele s sua equipe “revidaram à injusta agressão sofrida, que resultou em marginais feridos no interior da casa”.
Ainda segundo o agente, “a partir deste momento, os marginais começaram a negociar às suas rendições, o que durou aproximadamente uma hora”. O militar do Bope contou ainda que “durante a negociação teve conhecimento de que no interior da casa do andar de baixo estava um refém, morador da casa”.
Alan Barbosa disse em depoimento que, após a rendição do padeiro, “deu início ao protocolo de rendição, passando a ordenar que os marginais cercados colocassem as armas no chão e se apresentassem um a um, com as mãos para o alto caminhando em direção a guarnição”.
Em depoimento, o PM contou também que “11 marginais se entregaram sem resistência”. Com eles Allan informou que encontrou três fuzis e quatro pistolas de diversos calibres. Em seguida, o segundo-sargento informou que “houve uma segunda e breve negociação em outro cômodo, onde foram encontrados cinco marginais feridos, e mais três marginais sem ferimentos aparentes, e onde foram arrecadados um fuzil e quatro pistolas que estavam jogadas no chão”.
No depoimento, o PM contou ainda que dois colegas de equipe “encontraram um criminoso dentro do banheiro de um dos cômodos do segundo andar em posse de um fuzil AK-47 e diversos carregadores reservas” e que ele “se entregou sem oposição”.