‘Vale tudo com Tim Maia’: série documental em primeira pessoa narra a vida pessoal e profissional do músico
Sebastião Rodrigues Maia nasceu na primavera. Ironicamente, Tim Maia também. Afinal, segundo o próprio, seu sucesso começou depois que o Brasil o ouviu cantando os versos românticos de “Primavera”. É ele quem diz também que, no fundo, é um “Spielberg meio frustrado”: queria ser cineasta. Para compensar de alguma forma, comprou equipamentos e foi documentando sua vida pessoal e profissional. Mais histórias como essas, contadas por ele, e diversas dessas imagens viraram uma nova série documental, “Vale tudo com Tim Maia”, disponível no Globoplay a partir de hoje, dia em que o artista completaria 80 anos.
Dividida em três episódios, a produção é toda em primeira pessoa. É Tim quem narra sua própria história, numa espécie de “autobiografia forçada”, como definiu Nelson Motta, diretor da série ao lado de Renato Terra. Para tal, a equipe foi atrás de entrevistas, depoimentos e shows, e contou com a ajuda de Carmelo Maia, filho de Tim, que cedeu parte de um acervo de família, com imagens nunca divulgadas. A produção passa por infância, adolescência, carreira, polêmicas, tudo com o humor peculiar do artista.
— Acredito muito no documentário como uma experiência. A ideia é você sentir vontade de tirar os móveis da sala e dançar. Nos cinco primeiros minutos da série, garanto que todo mundo vai dar pelo menos três gargalhadas. É uma espécie de “stand up documental dançante”, para te pegar como a obra do Tim Maia te pega — explica Renato Terra.
Desde o início, Renato conta que ele e Nelson queriam unir a obra grandiosa de Tim à sua personalidade igualmente grandiosa, e nada melhor do que deixar ele falar por si. No carisma, no humor sarcástico e na irreverência é que Tim Maia conseguia contar as histórias mais absurdas e ganhar aplausos e gargalhadas de quem estivesse o escutando.
Segundo Nelson, Tim não tinha vida privada (“A vida dele era pública”). Um exemplo é quando ele fala, em pleno “Programa do Jô”, sobre sua operação de fimose. E como são muitas as entrevistas em que ele abre sua vida, o trabalho da equipe foi buscar imagens que casassem com esses relatos. O arquivo pessoal de Carmelo veio para reforçar esse garimpagem.
Carmelo, por sua vez, ajudou a equipe da série prontamente. Segundo ele, não era “justo” ver todo aquele material sozinho:
— Tim Maia não é meu, mas um patrimônio cultural mundial. Veremos Tim e Tião por diversas lentes. Compartilhando mais a vida pessoal, camarins… Testemunharemos até a aquisição de um casal de “mini bois”. Mais uma vez, enganado, venderam-lhe gato por lebre. Dois anos depois, os bois eram maiores do que ele e ainda tiveram um bezerro. Mas onde ficavam? Na casa onde construiu, em seu estúdio de gravação (risos).