SAÚDE

Covid-19: Sociedade Brasileira de Infectologia expressa preocupação com a falta de remédios para tratar a doença

A sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nesta quarta-feira uma nota expressando “preocupação” sobre o acesso de medicamentos já aprovados pela Anvisa para o tratamento e prevenção da covid-19 no Brasil, mas que não foram distribuídos de forma regular e não estão em todos os postos públicos de saúde.

“É fundamental lembrar que apesar do número de hospitalizações e óbitos por covid-19 ter reduzido importantemente por conta do avanço da vacinação, somente nesse último mês de setembro, 7.321 brasileiros perderam a vida com o diagnóstico da doença, sendo que muitos deles poderiam se beneficiar de medicações terapêuticas ou estratégias preventivas contra a infecção pelo SARS-COV-2 aprovadas pela Anvisa”, diz a nota.

O documento lista cinco fármacos que já deveriam estar sendo distribuídos pela rede pública, mas que enfrentam problemas para chegar até a população. O primeiro deles é o nirmatrelvir e ritonavir, medicação antiviral que reduz substancialmente o risco de hospitalização e óbitos em pacientes com infecção confirmada pelo Covid-19, e que estejam na fase inicial da doença (sem necessidade suplementar de oxigênio), estágio classificado como leve ou moderada.

Aprovado em março deste ano, a sociedade afirma que “até o presente momento não houve distribuição da medicação para os estados da federação, e passados quase seis meses da aprovação da medicação, nenhum paciente foi tratado com essa que é a única opção terapêutica incorporada no SUS para casos leve/moderados da doença.

Outro remédio citado pelo grupo é o Baracitinibe, indicado em pacientes com covid-19 grave hospitalizados em uso de oxigênio com a finalidade de mitigar o efeito hiperinflamatório da infecção viral, um dos principais mecanismos responsáveis pela evolução para a fase crítica da doença, situação que demanda internação em leito de Unidade de Terapia Intensiva e está associada à alta mortalidade.

Em relação ao Brasil, a SBI critica a falta de transparência de como se encontra a distribuição do remédio para as secretarias estaduais de saúde e para hospitais que tratam casos graves de Covid-19.

O terceiro medicamento que a sociedade levanta a discussão é o Molnupiravir, um fármaco antiviral que reduz substancialmente o risco de hospitalização e óbitos em pacientes com infecção confirmada pelo SARS-COV-2, e que estejam na fase inicial da doença.

Ele teve aprovação emergencial pela Anvisa em maio deste ano, mas a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) — órgão vinculado ao Ministério da Saúde — optou pela não incorporação da medicação para distribuição e uso no SUS, mesmo pesquisas comprovando que o medicamento é eficaz em barrar a evolução para quadros graves da doença, diminuindo risco de morte e hospitalização.

O Rendesivir tem um histórico parecido. Aprovado pela Anvisa para pacientes com casos de Covid-19 fraca, moderada ou forte, onde se verificou uma queda de risco de 87% no uso do medicamento, também não foi incorporada por um pedido da Conitec. A Sociedade agora pede que a decisão “seja rediscutida” apresentando os estudos que mostrem a eficácia do medicamento.

Os anticorpos monoclonais Tixagevimabe e Cilgavimabe são os últimos apontados pela sociedade em nota. Segundo o grupo, os medicamentos ajudam a prevenir episódios de covid-19 em indivíduos de alto risco de progressão para doença grave.

“No cenário atual da covid-19 se demonstra concentração de evolução para covid-19 grave em indivíduos não vacinados, ou ainda em imunossuprimidos, além de idosos extremos e/ou com comorbidades, pois nesses indivíduos a efetividade vacinal tem se demonstrado com menor poder de proteção quando comparada com a população em geral”, disse a SBI em nota.

A sociedade encerra confirmando que o surgimento de novas subvariantes derivadas da Ômicron ou de outras variantes de preocupação do SARS-COV-2 será sempre um desafio para a terapia baseada em anticorpos monoclonais, devido à resistência nos imunizantes criados.

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