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Exercício físico protege a cognição durante o envelhecimento, diz estudo da USP

Praticar atividades físicas na terceira idade é um fator de proteção cognitiva durante o envelhecimento. É o que revela um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (Usp). O trabalho foi publicado no periódico científico The Journals of Gerontology.

Segundo o estudo, o exercício físico regular aumenta o fluxo sanguíneo para a cabeça, o que estimula o crescimento de novas células cerebrais e as conexões entre elas, resultando em cérebros mais eficientes, maleáveis e adaptáveis. Um maior volume cerebral está associado a um melhor desempenho cognitivo, ou seja, processamento de informações, raciocínio, atenção e memória.

Os cientistas recrutaram e acompanharam 45 voluntários de São Paulo, todos com idade entre 60 e 65 anos, sendo 38 mulheres e sete homens. Eles foram divididos em dois grupos: um ativo, com 25 pessoas, que durante suas rotinas diárias na semana acumulavam 150 minutos ou mais de tempo de prática de atividade física; e outro sedentário, com 20 pessoas, que acumularam menos de 150 minutos de atividade física semanal.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que para manter-se saudável deve-se praticar, por semana, 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercícios intensos.

Para o estudo, os voluntários usaram um acelerômetro, um dispositivo fixado à cintura dos voluntários, que registrava os níveis de atividade física realizados durante sete dias, por, no mínimo, dez horas diárias.

Após uma semana, os voluntários foram submetidos a exames de ressonância magnética dos cérebros para se obter imagens 3D de alta resolução das 71 áreas e estruturas a serem avaliadas.

Os resultados mostraram que os idosos que estavam no grupo de ativos apresentaram volumes maiores em 39 áreas e nove estruturas cerebrais quando comparados aos sedentários. As áreas que apresentaram maior volume foram: encéfalo total (7%), lobo frontal (8%), lobo temporal (10%), lobo parietal (9%), lobo occipital (9,5%) e substância cinzenta cortical (9%). As estruturas com maior diferença percentual foram o cortex entorrinal (12,5%), parahipocampo (16%), hipocampo (8%) e lingual (10%).

O lobo frontal, uma das regiões aumentadas, é responsável pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades individuais e emoção.

“Quando a redução do volume cerebral é maior que o esperado para a idade, esta condição está associada à perda cognitiva e à demência”, disse Lucas Melo Neves, autor do estudo, ao Jornal da USP. “O auge do desempenho biológico do cérebro acontece por volta dos 20/30 anos mas, aos 60, as pessoas já tiveram redução significativa do cérebro. A partir dos 60 anos, a cada década, há uma redução em torno de 5% do volume cerebral”.

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