Cartão corporativo pagou nove quartos de hospedagem para servidores em viagem de lazer de Michelle Bolsonaro
Em viagem de lazer para São Miguel dos Milagres, no estado de Alagoas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou o cartão corporativo para hospedar equipe de segurança da Secretaria Especial de Administração da Presidência da República. Entre os dias 3 e 9 de abril de 2021, foram gastos R$ 16,2 mil em diárias para os servidores que ficaram alojados em uma pousada localizada na Rota Ecológica da cidade turística. O estabelecimento confirmou ao GLOBO que nove quartos foram alugados no período. Na mesma ocasião, o maquiador e amigo próximo de Michelle, Agustin Fernandez compartilhou registros no Instagram na localidade.
Em post curtido por Michelle, Fernandez divulgou que esteve no hotel Vila Stature, acomodação de luxo na cidade que conta com suítes e bângalos com piscina privativa na beira do mar. Atualmente, as diárias são a partir de R$ 2 mil.
Nesta segunda-feira, a agência Fiquem Sabendo divulgou notas fiscais referentes aos gastos com o cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre elas, há o documento referente à pousada O Casarão, onde os servidores ficaram hospedados durante viagem da ex-primeira-dama. A nota aponta que as diárias saíram no valor de R$ 300.
Em simulações feitas pela reportagem, a hospedagem no local, atualmente, varia entre R$ 400 e R$ 500. O processo de prestação de contas mostra que foram feitas consultas prévias em busca de opções mais baratas.
Apenas em abril de 2021, a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez sete viagens, quatro delas foram realizadas por Michelle. A ex-primeira-dama esteve em três cidades do interior de São Paulo — Presidente Prudente, Araçatuba e São José do Rio Preto — e em outro destino turístico, Caldas Novas, em Goiás, onde a equipe de servidores ficou hospedada por três dias. Na localidade, o hotel escolhido foi o resort Thermas di Roma, localizado no centro da cidade conhecida pelas águas termais e com diárias de até R$ 3,7 mil.
O custeio da segurança dos filhos dos ex-presidente também aparece nas notas fiscais. Em viagem do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro a Brasília, o cartão corporativo pagou R$ 2,3 mil em viagens. Sem cargo eletivo, Jair Renan também foi acompanhado por seguranças em uma viagem que fez a Resende, no interior do Rio, no mesmo mês.
Contra o cartão corporativo
Ao longo de seu mandato enquanto presidente da República, Bolsonaro disse ao menos 15 vezes em lives que não usava o cartão corporativo. Em uma entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em janeiro de 2022, o então chefe do Executivo disse que utilizava o benefício para o custeio de seguranças no dia-a-dia.
— A média está em R$ 3 milhões. Nunca gastei um centavo, eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar Tubaína, mas nunca usei — afirmou à época.