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Com PL em crise no Rio, Valdemar acena a bolsonaristas e esfria costura de Castro por comando local

Sinalizando que não abrirá mão da influência direta sobre o comando do PL no Rio, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, desembarca hoje no estado para acenar com apoio à ala bolsonarista da sigla, e também buscando desarmar o conflito com o governador Cláudio Castro (PL). Valdemar se juntará a lideranças do PL, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em solenidade para empossar o deputado bolsonarista Carlos Jordy como presidente do diretório municipal da sigla em Niterói, numa espécie de “prévia” de sua candidatura à prefeitura local em 2024. O cacique do PL se reúne antes com Castro, que vive impasses com o bolsonarismo e com aliados do chefe da legenda.

Castro e Valdemar devem se encontrar à tarde na capital fluminense, com a presença do presidente estadual do PL, Altineu Côrtes. O governador buscava convencer Valdemar a trocar a direção do partido no Rio após ter acumulado atritos com Altineu, que é o atual líder do PL na Câmara dos Deputados e visto como aliado próximo do cacique da legenda.

Integrantes do grupo político de Castro consideram que o governador foi desprestigiado no partido desde o racha na eleição à presidência da Assembleia Legislativa (Alerj), em fevereiro. Na ocasião, cerca de metade da bancada do PL, com apoio de parlamentares bolsonaristas e de Altineu, se rebelou contra o candidato preferido do governador, Rodrigo Bacellar (PL), que acabou contendo dissidências e se elegendo mesmo assim ao comando da Casa.

O episódio deixou cicatrizes na relação de Castro com a cúpula do PL, e o governador passou a exonerar indicados de Altineu em sua gestão, incluindo a secretária estadual de Educação, substituída por uma apadrinhada de Bacellar.

Embora correligionários tenham argumentado a Castro que o racha foi motivado por problemas com Bacellar, e não com o Palácio Guanabara, o governador considerou o episódio uma traição pessoal e passou a exigir desde então de Valdemar a destituição de Altineu. Nos últimos dias, contudo, reuniões entre o presidente do PL e aliados de Bolsonaro referendaram a permanência do aliado de Valdemar no diretório fluminense.

Castro não comparecerá ao evento do PL em Niterói. A articulação pela candidatura do bolsonarista Jordy no município em 2024 desagrada o governador, que já foi alvo de críticas da família do parlamentar pela composição de seu governo.

Segundo integrantes do PL, a reunião de hoje com Valdemar e Altineu servirá para medir a temperatura do conflito com Castro e dar contornos mais claros à possibilidade, aventada desde a eleição na Alerj, de o governador deixar o partido. Lideranças da sigla admitem internamente que uma desfiliação de Castro poderia levar, a reboque, parte dos prefeitos que acertaram a migração para o PL no ano passado. Por outro lado, resistências que se aprofundaram desde a eleição de 2022 entre Castro e o bolsonarismo, hoje considerado o principal ativo político do PL, se somam aos problemas do governador com a cúpula do partido e pesam contra a permanência.

Conflito de projetos

 

De olho em articular uma base política própria para tentar o Senado em 2026, ano em que haverá duas cadeiras em disputa — incluindo a de Flávio Bolsonaro —, Castro tem feito movimentos recebidos com desconfiança pelo bolsonarismo. Em Niterói, por exemplo, a falta de apoio dele a Jordy foi entendida como um gesto de boa vizinhança do governador com o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT), provável candidato no município em 2024 e principal alvo dos bolsonaristas. No Rio, Castro busca atrair o PL como vice em uma chapa encabeçada por Dr. Luizinho (PP), atual secretário estadual de Saúde.

O possível apoio a um candidato do PP na capital vai na contramão dos planos da família Bolsonaro. Na segunda-feira, O GLOBO revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante participação por chamada de vídeo em uma reunião do PL fluminense, defendeu que o partido lance candidaturas próprias nas principais cidades do país.

Na ocasião, Bolsonaro delegou ao general Walter Braga Netto, seu candidato a vice em 2022 e atual secretário nacional de Relações Institucionais do PL, a tarefa de organizar as chapas nas eleições municipais, buscando alinhamento com o bolsonarismo. Castro, por sua vez, tem feito acenos ao presidente Lula (PT) após sua vitória sobre Bolsonaro.

Os motivos da briga interna do PL no rio

 

Presidência da Alerj

Castro se irritou com movimento, apoiado pela cúpula do PL, para esvaziar candidatura de aliado ao comando da Assembleia.

Acenos a Lula

Governador busca se aproximar da gestão petista após eleição, à revelia da ala bolsonarista.

Eleições de 2024

Costura de chapas a prefeituras tem quedas de braço entre Castro, bolsonaristas e cúpula do PL.

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