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Mais de 28 milhões de doses vacinas vencidas foram jogadas no lixo; prejuízo é de R$ 250 milhões

Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que 28.604.735 doses de vários imunizantes foram descartadas por estarem vencidas. O prejuízo aos cofres públicos, segundo o próprio governo, é de R$ 250 milhões.

As vacinas vencidas são de 2019 a 2022.

De acordo com Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, muitos imunizantes venceram em janeiro e fevereiro deste ano.

“Quando fomos fazer uma análise dos estoques, devido à validade muito próxima, foi impossível distribuir e fazer qualquer utilização delas”, disse Ethel Maciel.

Somadas às 39 milhões de doses da vacina da Covid-19 que foram jogadas no lixo pelo mesmo motivo, mais de 67 milhões de doses de imunizantes não foram utilizadas e venceram no estoque do Ministério da Saúde.

No total, o prejuízo foi de R$ 2,3 bi, considerando todos os imunizantes desperdiçados e os custos com incineração.

“É importante dizer que essas informações foram solicitadas pela equipe de transição. Mas infelizmente nós tivemos uma transição do governo que não trabalhou de forma alinhada, e nós não tivemos informação dessas vacinas, dos estoques, do que tinham, de data de validade, anterior, porque isso foi pedido em outubro de 2022. Se nós soubéssemos antes, o governo teria um plano para o que fazer”, explicou Ethel Maciel.

A campeã em desperdício foi a BCG, que previne a tuberculose, e teve 11.809.800 doses vencidas.

Outras doses que foram descartadas são das vacinas:

  • dupla, tríplice e tetra viral, que previnem sarampo, caxumba, rubéola e catapora;
  • pentavalente, que protege contra tétano, coqueluche, difteria, meningite e hepatite B;
  • febre amarela;
  • influenza (gripe);
  • poliomielite (paralisia infantil).

De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, a quantidade de doses de vacinas desperdiçadas foi:

  • BCG = 11.809.800 doses
  • Dupla viral = 10.230.220 doses
  • Pentavalente = 3.518.014 doses
  • Tetra e tríplice viral = 2.317.201 doses
  • Febre amarela = 365.305 doses
  • Influenza = 329.860 doses
  • Poliomielite = 31.335 doses

Ao assumir o Ministério da Saúde, a nova gestão precisou refazer contratos e novos pedidos dos imunizantes, que nem sempre são produzidos aqui.

Ao mesmo tempo, a única fábrica autorizada a produzir a vacina BCG no Brasil, que pertence à Fundação Ataulpho de Paiva, no Rio, continua interditada para se adequar às normas sanitárias.

A fundação já protocolou novo pedido na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisa as readequações feitas na fábrica, para a retomada da produção.

Distribuição irregular de vacinas

Devido à falta de imunizantes e ao desperdício, houve problemas na distribuição de algumas vacinas aos estados e municípios.

“O impacto disso é grande, porque nós estamos preocupados, no médio prazo, com algumas doenças, principalmente o sarampo e a poliomielite. Nós temos um risco real de circulação do vírus, e, no caso da poliomielite, de reintrodução do vírus no Brasil”, ressaltou Ethel Maciel.

A GloboNews levantou que cinco estados e duas capitais já têm problemas de abastecimento.

Estados:

  • Tocantins: Tríplice Viral e Tetra Viral.
  • Ceará: BCG e Tríplice Viral
  • Mato Grosso: Tríplice Viral
  • Goiás: Tríplice Viral e Poliomielite
  • Santa Catarina: Poliomielite Oral (VOP), Tríplice Viral e Hepatite B.

Capitais

  • Manaus (AM): Tríplice viral e Febre Amarela.
  • Maceió (AL): BCG

Todas as secretarias de Saúde informaram que, ainda que com estoques reduzidos ou abastecimento irregular, estão conseguindo vacinar as crianças.

“Estamos recebendo aproximadamente 40% da quantidade que a gente pede. Temos feito um trabalho de remanejamento e acompanhamento constante da quantidade de estoque em cada município. Para que a gente consiga rapidamente remanejar de um lugar para outro e não deixar qualquer município sem dose, sem crianças vacinadas, que estão procurando as unidades”, comentou Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás.

A estimativa do Ministério da Saúde é normalizar os estoques até abril e reforçar campanhas por todo o país em conjunto com estados e municípios.

Outro lado

A GloboNews procurou os três ministros da Saúde de 2019 a 2022, período em que todas essas vacinas citadas venceram.

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta declarou que as compras de imunizantes são feitas com base no público-alvo estimado no censo demográfico e nas informações passadas pelas cidades.

Segundo ele, o país teve problemas de estocagem e vem sofrendo com uma baixa adesão à vacinação nos últimos anos, mesmo com as campanhas.

Os ex-ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga não se manifestaram.

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