‘Chegaram atirando em todo mundo’, diz amigo de entregador morto em guerra em Madureira
“Os caras da Serrinha atravessaram com o carro com um montão de ‘vagabundo’, chegaram atirando em todo mundo”, disse um amigo de vítima fatal de confronto entre traficantes em Madureira, na Zona Norte do Rio. João Vitor Brander estava trabalhando quando foi atingido por disparos durante uma tentativa de invasão na comunidade da Congonha nesta quarta-feira (6). Na ocasião, a menina Ester de Assis de Oliveira, de 9 anos, também perdeu a vida.
A guerra aconteceu entre traficantes da Serrinha, que é comandada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), e Congonha, que é do Comando Vermelho (CV). Segundo o amigo de João Vitor, que preferiu não se identificar, os criminosos entraram na comunidade atirando contra todos que estavam na rua, inclusive moradores.
“Ele estava tirando a hora do almoço dele. Até uma criança tomou um tiro na cabeça e morreu. Deram um tiro nele também, balearam uma senhora que tomou um tiro no joelho, a outra senhora lá tomou um tiro no ombro, a bala vazou. Deram tiro em todo mundo”, disse.
Em seu relato, ele contou que não haviam policiais no interior na comunidade e que a tentativa de invasão por parte dos traficantes da facção rival é corriqueira.
“Esse clima tenso é constante, os bandidos da Serrinha sobem lá e dão tiro em todo mundo. Aquela guerra em Madureira não para, enquanto a Polícia o estado do Rio de Janeiro não botar a mão no Lacosta, aquela guerra em Madureira nunca vai acabar”, contou.
Lacosta, citado pelo amigo da vítima, é um dos principais líderes da facção TCP e apontado como chefe do tráfico na comunidade da Serrinha.
De acordo com a testemunha, João Vitor era como um filho para ele e sua perda deixou todos assustados. “O João Vitor é um cara que eu não tenho nem palavras para descrever. [Ele era] Super honesto. Três anos trabalhando no gás, não era traficante, nunca foi nada. Está todo mundo em em choque”.
Em seu relato, ele ainda conta que os moradores da comunidade ficam a mercê dos criminosos por conta da falta de segurança e pede para que o Estado do Rio interfira na situação para que outras pessoas não sejam mortas pela guerra.
“É lamentável porque a gente fica a mercê daquilo ali todo dia, a gente não tem mais direito de ir e vir. Você anda na rua oprimido, com medo e a guerra sem fim, o Estado não faz nada”.