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Sete em cada 10 secretarias municipais de educação descumprem lei que obriga ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas

Um levantamento mostrou que sete em cada dez secretarias municipais de educação descumprem parcial ou totalmente a lei que obriga o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas.

Como é ser jovem, com as inseguranças comuns dessa idade, e negro no Brasil?

“Tinha um menino que ficava mexendo comigo todo dia, zoando meu cabelo. Eu até chorava também, porque doía muito isso aí”, relata a estudante Rayane Gislaine, de 16 anos.

“Falaram da minha cor e do meu cabelo. Machuca muito a pessoa, fica traumatizada”, conta Isabelly Ribeiro, a estudante de 13 anos.

Uma lei federal de 2003 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino sobre história e cultura africana e afro-brasileira nas instituições de ensino públicas e particulares no país. Mas um estudo mostra que as escolas ainda estão muito longe dessa realidade.

A pesquisadora Suelaine Carneiro diz que a falta de inclusão do tema distorce a realidade.

“Se você falar mais de uma cultura, uma matriz europeia, essa vai ser considerada a cultura, o povo mais preparado. Ou seja, você vai construindo situações de racismo e, principalmente, de hierarquia entre pessoas”, explica.

 

Em uma escola municipal de Belo Horizonte, o preto não aparece só nos capítulos da escravidão. As rodas de conversas são um momento de descontração, mas trazem reflexões importantes. Os alunos falam sobre livros de autores pretos, trocam ideias a respeito da história, da ancestralidade. Com as discussões, eles ganham mais consciência da identidade e força para ajudar no combate ao racismo.

“A história do Brasil também é feita de África. É impossível pensar uma história brasileira sem que a gente fale dessa construção, que ela é de uma outra construção religiosa, de uma outra construção corporal, que vai estar presente não só nos nossos estudantes, mas na comunidade como um todo”, diz o professor Luciano Jorge de Jesus.

“Ajuda na convivência de nós como pessoas. A escola ensina a gente que todos nós temos um lugar de voz”, diz a estudante Ana Beatriz de Castro.

Lugar de voz e de liberdade.

“Todo mundo é bonito do jeito que é. Não importa a cor, não importa o cabelo. A pessoa é bonita por si só”, afirma a estudante Beatriz Donato.

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