‘Conhecendo a Espanha, não estou otimista’, diz Guardiola sobre combate ao racismo após caso Vini Jr
O treinador do Manchester City, Pep Guardiola, afirmou nesta sexta-feira que a Espanha deve seguir o exemplo do Reino Unido no combate ao racismo no futebol. O técnico catalão se referia ao caso do brasileiro Vinícius Júnior, que foi alvo de insultos racistas, no fim de semana, durante partida do Real Madrid com o Valencia, pelo Espanhol. Os ataques geraram um debate global sobre a discriminação racial e a necessidade de medidas efetivas para combatê-la.
— O problema é que existe racismo em todos os lugares. Não só na Espanha com Vinícius Júnior. Não só pelo gênero, mas pela cor. Acreditar que nossa língua é melhor que a outra, que nosso país é melhor que o outro… Temos que aceitar a diversidade do ser humano, mas neste momento estamos muito longe disso. Não estou muito otimista, principalmente conhecendo a Espanha, de que isso vá acontecer… Há muitos negros se posicionando para defender o que não deveriam ter que defender. Vamos torcer para que a justiça seja feita — disse o treinador, em entrevista coletiva.
— Eles (de La Liga) deveriam aprender (com a Premier League). Aqui eles são muito rigorosos. Eles sabem o que têm que fazer. É um problema em todo lugar… Pensar que somos melhores que nossos vizinhos, que somos melhores uns que os outros. Nossos ancestrais vêm de imigrantes, guerras, [fugindo de] ditadores, tiveram que deixar seus países — disse Guardiola, em entrevista coletiva.
Justiça espanhola aceita denúncia
Nesta terça-feira, polícia nacional espanhola deteve um total de sete pessoas suspeitas de crimes de injúria racial e ódio contra o atacante brasileiro. A polícia da Espanha anunciou a detenção de quatro suspeitos ligados ao boneco que representava Vinicius Júnior enforcado sob uma ponta de Madri, em janeiro deste ano, antes de um dérbi local entre Real e Atletico.
Duas horas depois, as autoridades divulgaram que três torcedores do Valencia foram identificados como os autores dos insultos feitos ao brasileiro e acabaram presos. Contudo, três dos sete suspeitos foram liberados após prestarem depoimento.
Entidades brasileiras Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) e pelo MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos), que protocolaram um pedido de investigação sobre o racismo estrutural sofrido pelo jogador à Defensoria do Povo da Espanha. Na quarta-feira, um representante da instituição, Ángel Gabilondo Pujol, afirmou que o órgão recebeu a denúncia e aceitou os pedidos.
O documento demonstra as 10 ocasiões em que Vinicius Júnior foi alvo de ofensas racistas na Espanha, afirmando se tratar de uma questão estrutural. O pedido prevê três medidas principais: a instauração de um procedimento administrativo para investigar os casos; o cumprimento de medidas para garantir o respeito ao jogador pela Federação Espanhola de Futebol; e um procedimento administrativo para determinar a responsabilidade do próprio governo nos episódios.