SAÚDE

Dengue: estudo da Fiocruz descobre nova linhagem do vírus na Bahia; entenda

Um estudo que envolveu pesquisadores de diversas instituições, liderados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), identificou uma nova linhagem do vírus causador da dengue em pacientes na cidade de Feira de Santana, na Bahia. A descoberta foi publicada na revista científica Viruses.

O vírus da dengue (DENV) tem quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4, mas cada um deles pode ser subdividido em diferentes linhagens, que também são chamadas de genótipos. O sequenciamento indicou uma nova versão do genótipo V do sorotipo 1.

O achado foi possível graças à análise do material genético de 19 amostras de dois sorotipos do vírus, o 1 e o 2. As análises mostraram a persistência do genótipo III nos casos do sorotipo 2, mas revelaram a nova mutação do vírus associada ao tipo 1.

Não há, porém, informações sobre uma possível mudança no perfil da doença relacionada ao novo genótipo. “A ausência de dados clínicos no momento da coleta e notificação, bem como a impossibilidade de acompanhamento dos pacientes para observação de piora ou óbito, restringe nossa possibilidade de correlacionar os achados mutacionais com possíveis prognósticos clínicos”, escreveram os autores no estudo.

Os pesquisadores destacam ainda a importância da vigilância genômica para “acompanhar a evolução das cepas circulantes de DENV e entender sua disseminação pela região por meio de eventos de importação inter-regional, provavelmente mediados pela mobilidade humana, e também os possíveis impactos na saúde pública e no gerenciamento de surtos”, afirmam.

Eles citam, em comunicado, que outro ponto importante é saber a diversidade do vírus já que uma campanha de vacinação pode ter início em breve no Brasil. Neste ano, a Anvisa aprovou um imunizante da farmacêutica japonesa Takeda, que está em análise pelo Ministério da Saúde.

Há ainda uma dose em desenvolvimento no Instituto Butantan, em São Paulo, que demonstrou resultados preliminares de alta eficácia nos estudos clínicos. Em entrevista recente ao GLOBO, o diretor do instituto, Esper Kallás, afirmou que a expectativa é submeter os dados à Anvisa até o fim do ano que vem.

“Essas informações (de vigilância genômica) são essenciais para a tomada de decisões em saúde pública e para a identificação de áreas de risco, bem como de grupos vulneráveis, além de ser fundamental para o desenvolvimento de medidas preventivas e campanhas de conscientização”, diz a nota.

Além disso, os responsáveis defendem que “devido ao cenário epidemiológico alarmante, promover a vigilância genômica de cepas virais circulantes é fundamental para antecipar possíveis impactos na saúde da população e orientar a resposta a surtos”.

No ano passado, o Brasil registrou 1,45 milhão de casos de dengue, além do recorde de mortes da série histórica, 1.016. Neste ano, de acordo com o boletim mais recente do Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE Arboviroses), instaurado neste ano pelo Ministério da Saúde devido ao avanço das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no país, já foram 1.196.459 diagnósticos, 21% a mais que o identificado no mesmo período do ano passado. Além disso, até a semana que terminou no último dia 19, foram 503 mortes, e 372 em investigação.

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