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Agentes da imigração dos EUA são orientados a empurrar crianças e bebês em rio na fronteira com o México

Patrulheiros de fronteira do Texas receberam ordens para empurrar crianças imigrantes no Rio Grande, na fronteira com o México, além de negar água a pessoas que tentavam entrar no país ilegalmente, revelou o jornal The Guardian, com base em mensagens publicadas pelo Houston Chronicle.

O Guardian confirmou que o patrulheiro-médico Nicholas Wingate, do Departamento de Segurança Pública do Estado, enviou e-mail a supervisores alertando para a conduta que classificou de “desumana”, em relação aos imigrantes ilegais, no dia 3 de julho. O médico menciona ainda outros incidentes não reportados a autoridades na mensagem.

De acordo com o jornal britânico, o relato do médico revela os acontecimentos durante a semana entre 24 de junho e 1 de julho, e detalha vários casos de imigrantes presos ou feridos por arame farpado, em Eagle Pass, uma cidade do Estado que fica na fronteira mexicana.

No e-mail, o funcionário pede mudanças nas políticas para imigrantes, incluindo a retirada das cercas de arame farpado. Ele também informou que pediu para que seja suspensa a ordem para não entregar água aos imigrantes, em meio a um dos verões mais quentes de todos os tempos, no Hemisfério Norte.

“Por causa do calor extremo, a ordem de não dar água às pessoas tem que ser imediatamente revertida” escreveu, completando “acredito que cruzamos uma fronteira em direção ao desumano”.

Em outro caso reportado pelo agente e divulgado pelo Guardian, um grupo de 120 pessoas, incluindo crianças e bebês de colo, conseguiu entrar no território americano pelo rio. Estavam exaustos e com sede, segundo o relato, mas os patrulheiros foram instruídos a empurrar as pessoas de volta para a água para voltarem ao México.

O Departamento de segurança Pública disse ao Guardian que as alegações do servidor estão sob investigação interna.

O governador republicano do Texas, Greg Abbott, vem implementando uma política agressiva de contenção da imigração na fronteira, uma iniciativa chamada de “Estrela Solitária”, que incluiu a instalação de cercas de arame farpado na região do Rio Grande, nas últimas semanas.

Fim do título 42

Para justificar sua dura política anti-imigração, que já provoca reações no governo mexicano, Abbott ataca o que considera ineficiência do governo do presidente americano, o democrata Joe Biden.

A segurança na fronteira com o México recebeu reforço, em maio, quando foi suspenso o título 42, um controverso regulamento de saúde que permitia que a grande maioria dos migrantes que chegassem à fronteira sem visto ou documentação necessária para entrar fossem bloqueados ou expulsos. A norma foi implementada em meio à Pandemia, pelo governo do então presidente, o republicano Donald Trump.

Na tentativa de evitar uma avalanche de migrantes com a suspensão, o governo Biden anunciou várias medidas no final de abril, como a abertura de centros na Colômbia e na Guatemala para pré-selecionar quem poderá entrar no país. Após a suspensão da regra de saúde, o governo federal fez um balanço positivo das medidas preventivas e disse que não houve aumento imediato no fluxo de imigrantes.

Entre os diversos ataques republicanos às políticas de Biden, o tema da imigração costuma estar no topo da lista. O democrata é acusado de diminuir restrições de fronteira impostas pelo ex-presidente Donald Trump, em cujo governo os Estados Unidos foram alvo de críticas de defesores de direitos humanos, ao redor do mundo, pela prática de separar crianças dos pais em centros de detenção, onde, muitas vezes, eram fotografas em celas semelhantes a jaulas.

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