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Na ONU, Lula cobra ação de ricos contra fome e desigualdade e diz que Conselho de Segurança perdeu credibilidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (19), na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que “o mundo está cada vez mais desigual”.

Lula cobrou maior empenho dos “países ricos” em temas como a superação da fome e da desigualdade, a promoção da paz, a reversão das mudanças climáticas e a reforma de instituições como a própria ONU.

Ao tratar da guerra na Ucrânia e de outros conflitos pelo mundo, por exemplo, disse que o Conselho de Segurança da ONU (formado por Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia) “vem perdendo progressivamente sua credibilidade”.

“Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003. Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres. A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, declarou.

O tema da desigualdade foi a tônica do discurso – e Lula voltou a usar o termo ao citar assuntos como a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.

“No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de maneira integrada e indivisível. Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um 18º objetivo, que adotaremos voluntariamente”, declarou, sob aplausos.

Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a discursar na fase de debates. Antes, falaram o secretário-geral da ONU, António Guterres; e o presidente da Assembleia Geral, o diplomata Dennis Francis, de Trinidad e Tobago.

Mais falas sobre desigualdade

O presidente brasileiro também citou programas de combate à desigualdade como o Brasil sem Fome e o Bolsa Família, e a lei aprovada este ano que obriga empresas a pagar salários iguais para homens e mulheres na mesma função.

E incluiu, ainda no tema de desigualdade, a pauta das mudanças climáticas – que vem sido defendida por Lula e pelo governo brasileiro nos fóruns internacionais desde janeiro, marcando posição em oposição ao governo Jair Bolsonaro (2019-2022).

“Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”, prosseguiu, novamente marcando uma distinção entre países ricos e o chamado “Sul Global”.

Desigualdade deve ‘inspirar indignação’

Já ao encerrar o discurso, Lula voltou ao tema da desigualdade. E disse que o assunto deve gerar a “indignação” dos líderes globais.

“A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”, disse.

Lula também cobrou o papel da própria Organização das Nações Unidas (ONU) na superação das desigualdades globais. Com frequência, a entidade é criticada por não prever mecanismos eficientes para monitorar ou punir governos que reduzam a qualidade de vida das populações.

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