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Aeronave com kits de ajuda humanitária e especialistas para prestar auxílio psicológico a repatriados chega a Roma

O avião KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), que faz o sétimo voo de repatriação de brasileiros vindos de Israel na Operação Voltando em Paz, pousou às 9h39 (horário local, 4h39 de Brasília) desta terça-feira, 17 de outubro, em Roma, na Itália.

Desde o início da Operação Voltando em Paz, o Governo Federal já resgatou 916 brasileiros e trouxe 24 animais de estimação em segurança

Além de uma carga de purificadores de água e kits de medicamentos que serão descarregados em Roma, na Itália, a aeronave leva uma equipe de atendimento que dará apoio aos passageiros na volta ao Brasil.

São duas psicólogas, um médico, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem da Força Aérea Brasileira, que ficam à disposição dos repatriados no voo de retorno, para prestar um primeiro atendimento, especialmente na questão psicológica. Segundo a major Carla, que comanda a equipe, a missão é uma grande responsabilidade para os profissionais.

“A gente está bastante grato de poder ir e ajudar nosso povo que quer retornar. Sabemos que a situação lá é delicada, mas a gente quer fazer o nosso melhor”, afirmou a major, que explicou que a equipe não teme atuar em um país em conflito. “Estamos um pouco ansiosos para chegar logo, fazer o nosso trabalho e voltar tendo cumprido a missão com louvor. Entendemos a importância da missão”.

SAÚDE MENTAL – O atendimento psicológico aos repatriados fica por conta das tenentes Jahyne e Camargo, ambas do Instituto de Psicologia da Aeronáutica. Segundo elas, o suporte logo no início pode ajudar a identificar e atenuar outros problemas mais graves causados pelo trauma de vivenciar uma situação de guerra, como o transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno de ansiedade, entre outros.

“Toda a situação de guerra pode gerar impacto na saúde emocional. É uma situação de crise que pode vir a gerar adoecimentos. Nosso trabalho é oferecer suporte para que a repatriação possa minimizar efeitos disso. É possível que os efeitos sejam sentidos apenas no futuro, por isso é importante esse acompanhamento imediato, inclusive na volta para o Brasil, até para verificar se há necessidade de um acompanhamento posterior”, contou a tenente Jahyne.

A tenente Camargo explicou também que o trabalho delas com os repatriados tem um caráter mais emergencial. “A ideia é fazer esse primeiro acolhimento para eles entenderem comportamentos que podem ser causados pelo estresse. Nós daremos um primeiro socorro e orientação. Trouxemos também alguns recursos mais lúdicos para as crianças poderem se sentir seguras na aeronave: lápis, massinhas para que se sintam acolhidas e entendam que esse momento é passageiro”, resumiu.

Cada kit de assistência humanitária é composto por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Foto: GOV BR / FAB

GAZA – O Escritório de Representação do Brasil na Palestina também contratou uma psicóloga para atender os brasileiros que estão na Faixa de Gaza aguardando para deixar a área do conflito, o que ocorrerá assim que for aberta a fronteira com o Egito. Devido às restrições de mobilidade, as consultas têm ocorrido de forma virtual, mesmo com a dificuldade de acesso à internet e à energia elétrica no local.

A profissional, que é palestina, tem dado conselhos sobre como lidar com a ansiedade e a insônia, usando exercícios respiratórios, e também sobre como conversar com as crianças para confortá-las. As mensagens, escritas em árabe, são compartilhadas em um grupo de WhatsApp.

“A guerra não se limita ao bombardeio e ao combate aberto, mas também inclui ataques de informação e psicológicos. Um grande número de pessoas sofre de fadiga. É muito difícil para o cérebro estar constantemente neste estado. É por isso que aciona a função de proteção”, escreveu a psicóloga em uma das mensagens. O apoio do governo brasileiro inclui ainda o aluguel de transporte, abrigo e a garantia de alimentação.

RETORNO – O tenente-coronel aviador Marcos Olivieri já pode se considerar um veterano da Operação Voltando em Paz. O militar, que comandou o primeiro voo vindo de Israel, que chegou a Brasília na madrugada da última quarta-feira (14/10), está voltando ao Oriente Médio pela terceira vez para realizar o resgate de brasileiros, sempre pilotando o KC-30.

“É o quinto voo dessas aeronaves. A gente espera bater o total de mil passageiros transportados. E é o meu terceiro voo na operação. A cada vez a gente sente uma sensação de orgulho de poder ajudar e repatriar as pessoas”, contou o piloto. Desde o início da operação, o Governo Federal já resgatou 916 pessoas e trouxe 24 animais de estimação em segurança.

KITS PARA GAZA – O voo que pousou em Roma transporte também 35 purificadores de água e dois kits de medicamentos e insumos de saúde, suficientes para atender até 3 mil pessoas ao longo de um mês.

Os itens serão descarregados em Roma e se somam a outros cinco purificadores transportados pela aeronave VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República, que está na capital italiana desde sexta-feira (13/10). O VC-2 está designado para atender os brasileiros que aguardam a abertura da fronteira em Gaza para retornar ao Brasil a partir do Egito.

Em conjunto, os 40 purificadores têm capacidade de tratar mais de 220 mil litros por dia. Tanto os purificadores quanto os kits com medicamentos  seguirão para o Egito. Conforme informações do Ministério da Saúde (MS), cada kit de assistência humanitária é composto por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, são 48 itens em cada kit, somando 267 quilos de materiais. Eles são preparados para atender a populações em situação de emergência em saúde pública.

Os hospitais em Gaza, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), enfrentam escassez aguda de suprimentos médicos. Há interrupção do fornecimento de eletricidade e água à Faixa de Gaza e não são permitidas movimentações de alimentos, combustível, saúde e outros fornecimentos humanitários ou pacientes. Para a OMS, os danos causados às infraestruturas de água e saneamento e a superlotação nos assentamentos humanos aumentam o risco de surtos de doenças.

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