É NOTÍCIAESPORTES

Morre aos 92 anos Mão de Onça, goleiro lendário que sofreu o gol mais bonito da carreira de Pelé

O mundo do futebol perdeu um de seus mais icônicos personagens. Durval de Moraes, o popular “Mão de Onça”, morreu aos 92 anos em São Paulo. O lendário goleiro teve uma carreira imponente e ficou mundialmente conhecido por sofrer o mais gol mais bonito entre os 1.281 marcados por Pelé, segundo o próprio Rei do Futebol. Curiosamente, parte quase exatamente um ano após o maior de todos os tempos.

Mão de Onça faleceu nesta quarta-feira em um hospital de São Paulo, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) e um infarto.

O ex-goleiro será velado e enterrado nesta quinta-feira (21) em Itu, cidade onde viveu seus últimos anos ostentando sempre muita lucidez. Homem religioso e muito apegado à família, ele deixa seis filhos.

Em entrevista ao ge, em 2020 , Durval de Moraes explicou a origem do apelido.

– O apelido de Mão de Onça começou porque eu não gostava de encaixar a bola, encaixar no peito, eu achava melhor pegar a bola dando bote, segurando sem soltar. Ficava bonita fazer essa defesa, porque não podia me machucar. Comecei a praticar, fazer essas defesas para minha mão crescer. Ficava jogando a bola na parede e abria a mão, ela cresceu mesmo. Foi assim que tudo começou – relembra.

No dia 2 de agosto de 1959, o goleiro do Juventus, Mão de Onça, foi o grande espectador de uma das maiores obras-primas da história do futebol. Naquele dia, viu Pelé chapelar três marcadores, antes de também deixá-lo no chão para marcar o gol que é considerado o mais bonito da carreira do Rei, segundo ele próprio.

O gol em que Pelé dá quatro chapéus e testa a bola antes de estufar a rede na goleada do Santos por 4 a 0 só tem registro fotográfico e uma simulação feita em computação gráfica. Mas o filme não sai da cabeça do ex-goleiro.

Mão de Onça não esquece os detalhes do golaço do Rei. Aos 36 minutos do segundo tempo, o Santos já vencia por 3 a 0 quando Jair lançou Dorval pela direita. Na altura da meia-lua, ele centrou para Pelé, que vinha em velocidade.

— Antes da risca do meio-campo, o Pelé já saiu em disparada. Eu gritei para o Julinho: “Olha o Cão, atenção!”. Eu chamava o Pelé de Cão… Pensei que o Julinho ia cortar de cabeça, mas o Pelé matou no peito, tirou a bola, já o encobriu… Depois foram os outros. Fiquei por último… Quando eu levantei, com a bola lá dentro, o Rei comemorando, aquela gritaria toda no estádio, o Clóvis estava debaixo do gol. Se jogou lá, tentando tirar a bola. Olhei para ele e disse: “Pô, como é que pode esse cara meter um gol assim, dessa maneira?” Ele me respondeu: “Esse aí é o diabo em forma de gente!”. O Julinho ainda falou: “A bola estava no meu peito. Quando vi, sumiu!” — disse o ex-goleiro.

O gol marcado por Pelé também representou uma das maiores marcas da carreira do maior camisa 10 de todos os tempos. Após o golaço, o Rei celebrou dando socos no ar, comemoração que se tornou rotina a partir daquele jogo. A obra-prima rendeu até uma estátua de Pelé na Rua Javari, casa do Juve.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *