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O que é a Superterça, principal ‘esquenta’ das eleições americanas

A Superterça, que acontece nesta terça-feira (5) nos Estados Unidos, é mais uma da muitas particularidades do sistema eleitoral americano —sem paralelo com a democracia brasileira, por exemplo.

Nos Estados Unidos, os pré-candidatos de cada partido disputam prévias em cada Estado e território do país, elegendo um certo número de delegados (representantes) em cada um deles. Quem tiver o maior número de delegados ao final do processo se torna o candidato do partido à Presidência.

Nesta terça, em um único dia, pouco mais de um terço dos delegados será definido tanto para o Partido Democrata (com o presidente Joe Biden como favorito) como para o Partido Republicano (com o ex-presidente Donald Trump como favorito).

A Superterça acontece geralmente – mas não necessariamente – no início de março. Como cada Estado define de forma independente as suas próprias prévias, o número de unidades da federação que participam varia de um ano eleitoral para o outro.

Historicamente, o dia costuma ser decisivo tanto para o Partido Republicano quanto para o Democrata, mas, principalmente, para a sigla que está na oposição — desta vez, os republicanos.

Neste ano, 15 estados e um território dos Estados Unidos votarão na Superterça –incluindo Califórnia e Texas, dois dos maiores colégios eleitorais do país. Para os republicanos, isso significa a escolha de 854 do total de 2.429 de delegados do partido, ou pouco mais de 35%.

Entenda, a seguir, como a data surgiu e qual é a sua importância:

Quando surgiu a Superterça?

O termo começou a ser usado pelos principais jornais americanos, incluindo o “New York Times”, na campanha presidencial de 1976. Naquela ocasião, seis Estados realizaram prévias no mesmo dia –25 de maio– para decidir os candidatos republicano e democrata à Casa Branca.

O republicano Gerald Ford, que já ocupava a Presidência, terminou cedendo a cadeira para Jimmy Carter.

A expressão passou a ser usada com frequência por jornalistas e analistas políticos e se disseminou na campanha seguinte, em 1980, quando apenas três Estados – Alabama, Flórida e Geórgia – realizaram prévias na data. Apesar do número pequeno de eleitores, esses Estados eram cruciais para as ambições de Carter à reeleição, e o termo “pegou”.

Afinal de contas, por que numa terça?

Diferentemente do Brasil, onde as votações são realizadas tradicionalmente aos domingos, os EUA organizam sua eleição presidencial na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira de novembro.

Nas primeiras eleições americanas, cada Estado organizava a sua própria eleição em um dia. A data só foi padronizada por uma lei em 1845. O dia da semana foi escolhido para facilitar o voto de cristãos praticantes, que iam a missas ou cultos aos domingos, e também da população rural: os EUA eram uma nação majoritariamente agrícola na época, e muitos eleitores precisavam de um dia inteiro para se deslocar até os postos de votação.

A “terça depois da primeira segunda de novembro” também não é aleatória. Isso evita que a votação caia um 1º de novembro, Dia de Todos os Santos no calendário cristão, feriado importante localmente.

A população americana se tornou mais urbana e, após um século e meio, o dia da semana não é mais tão relevante, mas a terça-feira se consolidou como um dia importante na tradição democrática do país, razão pela qual ela é adotada para as prévias partidárias em muitos Estados até hoje.

Por que a Superterça é tão importante?

Não só a Superterça define quase um terço dos delegados do Partido Republicano, mas também é o dia em que eleitores de diversas regiões e substratos sociais demonstram suas preferências.

Isso é crucial para o que analistas políticos dos EUA chamam de “momentum” das candidaturas, ou o impulso para que os candidatos aglutinem o apoio dos correligionários em torno de si.

A votação da Superterça já foi decisiva, por exemplo, para o ex-presidente Barack Obama na disputa com Hillary Clinton em 2008 e para Donald Trump na corrida pré-eleitoral em 2016. Os dois acabaram vencendo as eleições nesses anos. Foi acirrada também em 2012, entre os republicanos, e em 2020, para os democratas.

Espectadores assistem debate entre Donald Trump e Joe Biden, em San Diego, EUA 22/10/2020  — Foto: REUTERS/Mike Blake

Qual a importância da Superterça deste ano?

Neste ano as candidaturas dos dois lados já estão praticamente definidas. Apesar das polêmicas como a questão da idade e da memória, pelo lado de Joe Biden, e dos processos judiciais que o republicano Donald Trump enfrenta na Justiça, ambos despontam como favoritos absolutos em seus partidos.

Segundo analistas, as prévias deste ano servem mais para apontar as divisões que Trump e Biden enfrentam em seus próprios partidos. Enquanto republicanos mais moderados podem se inclinar mais a votar em Nikki Haley, democratas podem expressar descontentamento votando nulo por causa do alinhamento de Biden com Israel.

Quais Estados votam na Superterça neste ano?

Partido Republicano

  • Alabama (50 delegados);
  • Alasca (29 delegados);
  • Arkansas (40 delegados);
  • Califórnia (169 delegados);
  • Colorado (37 delegados);
  • Maine (20 delegados)
  • Massachusetts (40 delegados);
  • Minnesota (39 delegados);
  • Carolina do Norte (74 delegados);
  • Oklahoma (43 delegados);
  • Tennessee (58 delegados);
  • Texas (161 delegados);
  • Utah (40 delegados);
  • Vermont (17 delegados);
  • Virginia (48 delegados).

 

Partido Democrata

  • Alabama (52 delegados)
  • Arkansas (31 delegados)
  • Califórnia (424 delegados)
  • Colorado (72 delegados)
  • Iowa: (40 delegados)
  • Maine (24 delegados)
  • Massachussets (92 delegados)
  • Minnesota (75 delegados)
  • Carolina do Norte (116 delegados)
  • Oklahoma (36 delegados)
  • Tennessee (63 delegados)
  • Texas (244 delegados)
  • Utah (30 delegados)
  • Vermont (16 delegados)
  • Virgínia (99 delegados)
  • Território da Samoa Americana (6 delegados)

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