Indústria de alimentos anuncia R$ 120 bilhões em investimentos no Brasil até 2026
Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, 16 de julho, a indústria de alimentos anunciou investimentos de R$ 120 bilhões no Brasil entre 2023 e 2026. A maior parte dos investimentos, R$ 75 bilhões, será destinada à construção de novas fábricas, ampliação e modernização de plantas. Outros R$ 45 bilhões serão aplicados em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Somente no ano passado, o setor investiu R$ 36 bilhões.
Durante a reunião, Lula destacou que as políticas sociais já resultaram no aumento do consumo de alimentos no país e reforçou que o Governo Federal está comprometido em elevar a renda dos brasileiros. “O Bolsa Família, em apenas um ano e seis meses, tirou 24,5 milhões de pessoas da fome. Essas pessoas viraram consumidores de comida. É isso o que conta. O povo mais pobre, mais humilde, quando tem um pouquinho de dinheiro, não compra dólar, ele compra comida, compra coisas para a família. É esse país que nós queremos que dê certo. É fazer com que o dinheiro desse país circule. É por isso que a gente aumenta o salário mínimo de acordo com o PIB”, declarou.
“O Brasil se consolidou em 2023 como o maior exportador de alimento industrializado do planeta. Nós já tínhamos um campo forte, o Brasil era considerado o celeiro do mundo e agora, com muito orgulho, a gente pode dizer também que nós passamos a ser o supermercado do mundo”, ressaltou o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas, ao anunciar os investimentos até 2026.
Dornellas compartilhou dados que mostram a expansão do setor de alimentos e bebidas nos seis primeiros meses de 2024. “A indústria cresceu em termos reais, 3,3% neste primeiro semestre. As exportações cresceram um pouco mais, ao redor de 6%. Isso nos dá uma média de 4,4% de crescimento da indústria brasileira de alimentos e bebidas no primeiro semestre”, afirmou.
“Esse é um setor em que a ociosidade caiu. A indústria cresce forte. Então, vem ao encontro do programa Depreciação Acelerada, sancionado há 15 dias. É um setor que vai ser muito atendido no Depreciação Acelerada, vamos trocar máquina, equipamento. Vai estimular muito investimento”, assinalou o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
NOVOS MERCADOS — O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, enfatizou que o anúncio da indústria de alimentos reflete o momento positivo que o país vive com a abertura de novos mercados para produtos agrícolas brasileiros em 53 países, em 18 meses, desde o início de 2023. “O recorde absoluto de abertura de mercado foi no ano passado, com 78 novos mercados abertos. Estamos no meio do ano e neste ano já abrimos 82 novos mercados. Batemos o recorde do ano passado em meio ano de 2024. Certamente, com muita tranquilidade, chegaremos a 100 novos mercados para os produtos da agropecuária brasileira em 2024”, disse.
“O Brasil vai ser, até maio do ano que vem, declarado livre da febre aftosa, sem vacinação. Isso nos permite atingir os mercados mais exigentes para carne bovina, suína e de miúdos. Então, o investimento na indústria de alimentos, certamente, vai ser um investimento seguro”, completou Fávaro.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, apontou que o Governo Federal quer ser um facilitador para que os empresários possam fazer o país se desenvolver. “Aqui, a orientação sempre é que possamos ouvir, retirar obstáculos, facilitar. E, ao longo desse um ano e meio, foi o que fizemos. Rever portarias, normativos, facilitar acesso a crédito, ou seja desburocratizar, ouvir e implementar as ações para que quem está com a mão na massa realizando e construindo esse país, possa ter facilidades para que a gente faça esse país crescer”, ressaltou.
“Do ponto de vista da agricultura familiar, além do Plano Safra recorde que o presidente Lula lançou, muito favorável, com juros subsidiados, é importante também pensar como a gente integra o grande ao pequeno produtor e ajuda a agroindústria na zona rural, com o agricultor familiar. Então, nós estamos muito abertos para a contribuição de vocês, para essa integração do pequeno com o grande, que no Brasil já é dinâmica. No sul, a produção de proteínas é muito forte, mas pode ser no Brasil inteiro, e a gente está tentando expandir”, declarou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
ECONOMIA — Já o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que a instituição está à disposição da indústria de alimentos e que o anúncio de investimentos vai alavancar outros setores da economia brasileira: “R$ 120 bilhões não é qualquer coisa, significa que vai alavancar outros setores, (gerando) mais emprego, mais qualidade de vida e mais oportunidades na geração de renda”.
Ainda na reunião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou o seu otimismo com a economia brasileira. “Tudo indica que mesmo com a calamidade do Rio Grande do Sul, que afetou o estado que responde por quase 8% do PIB brasileiro, a economia não parou de crescer. Mesmo com a trava externa, as preocupações com o FED (banco central dos Estados Unidos) e a repercussão no nosso Banco Central aqui, a economia continua crescendo. E isso se deve ao espírito empreendedor do empresário do setor produtivo”, argumentou.
SETOR — A indústria de alimentos é considerada a maior empregadora, concentrando mais de 2 milhões de empregos formais e diretos, e também uma das maiores investidoras no país, segundo dados da Abia. A cadeia industrial gera ainda 8,1 milhões de empregos indiretos. O setor engloba mais de 5,7 mil alimentos de diferentes perfis nutricionais, integrantes da dieta dos brasileiros.
As indústrias brasileiras de alimentos e bebidas aglutinam 41 mil empresas que processam 61% de tudo o que é produzido no campo. A maior parte, 94%, são micro, pequenas e médias empresas. Elas produzem 273 milhões de toneladas de alimentos por ano e representam 10,8% do PIB do país. Deste total, 73% é destinado a abastecer o mercado interno. Além disso, exportam para 190 países, colocando o Brasil como o maior exportador de alimentos industrializados, em volume, do mundo. São responsáveis por adquirir mais de 67% da produção familiar em diferentes regiões do país.