Primeiros atletas da delegação brasileira entram na Vila Paralímpica em Paris
A poucos dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris, os primeiros atletas da delegação nacional entraram na Vila Paralímpica da capital francesa nesta quarta-feira (21). Os 75 “inquilinos” que estrearam as instalações vão representar o Brasil em modalidades como remo, tênis de mesa, vôlei sentado, tiro com arco, halterofilismo e bocha.
É uma emoção indescritível. Passa um filme na cabeça, lembrando de tudo o que passei. Entrar na Vila Paralímpica é muito emocionante. Estamos mostrando que podemos estar onde a gente quiser”
Laissa Guerreira, atleta da bocha
Desde o término dos Jogos Olímpicos, a Vila passou por uma transformação para receber os atletas com deficiência. Além da troca da identidade visual, na qual os aros olímpicos deram lugares aos agitos paralímpicos, rampas foram construídas nas áreas externas para a melhor locomoção dos cadeirantes.
Os apartamentos que serão utilizados durante a competição têm pelo menos um banheiro adaptado. O Brasil ocupa dois prédios. O principal, D10, tem 64 apartamentos e vai hospedar 226 atletas. O segundo, D11, é dividido com Portugal e Irlanda, tem 44 apartamentos “brasileiros” e hospedará outros 28 atletas do país.
“É uma emoção indescritível. Passa um filme na cabeça, lembrando de tudo o que passei. Entrar na Vila Paralímpica é muito emocionante. Estamos mostrando que podemos estar onde a gente quiser”, afirmou a paraibana Laissa Guerreira, atleta da bocha.
“Cada vez que participo vivo experiências diferentes. Essa é minha terceira e, quando entrei aqui, senti uma energia super positiva. Acabei de chegar e já estou apaixonada. Está tudo muito lindo. Será algo perfeito para nós”, disse a paulista Mariana D’Andrea, 26, campeã paralímpica no halterofilismo, categoria até 73kg, nos Jogos de Tóquio, em 2021.
CAMPANHA ÉPICA – Pautado no histórico recente das performances brasileiras desde o ciclo de Tóquio (2021), o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, afirmou que os 280 atletas que vão representar o país em 20 modalidades têm todas as condições de fazer “a melhor campanha de todos os tempos” em Paris.
A gente tem no plano estratégico, formulado lá em 2017, a meta de conquistar entre 70 e 90 medalhas agora e de ficar entre os oito primeiros. Mas a real expectativa é fazer em Paris a melhor campanha de todos os tempos”
Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro
No Japão, o Brasil terminou na sétima posição no quadro geral, com 72 pódios: 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. A melhor performance do país até hoje. “A gente tem no plano estratégico, formulado lá em 2017, a meta de conquistar entre 70 e 90 medalhas agora e de ficar entre os oito primeiros. Mas a real expectativa é fazer em Paris a melhor campanha de todos os tempos”, disse Mizael.
O histórico do país nos últimos mundiais de natação e atletismo, modalidades que concentram a maioria das medalhas em disputa, é a principal razão para o otimismo. “No atletismo, o Brasil foi vice-campeão mundial nas duas últimas edições, superando inclusive a China em número de medalhas em 2023 e conquistando o nosso maior número de ouros de todos os tempos em Cuba no ano de 2024”, ressalta Mizael.
A natação vive fase similar. “O Brasil ficou em quarto no Mundial de Manchester, mas com número significativo de pódios: 46 medalhas, sendo 16 de ouro, uma participação muito positiva. Futebol de cinco, taekwondo, canoagem, triatlo, diversos outros esportes também obtiveram resultados expressivos. Isso nos faz crer que o Brasil realmente vai fazer uma participação épica”, completou o dirigente.
BOLSA ATLETA – Dos 280 atletas brasileiros, 274 integram o Bolsa Atleta (97,8%), programa de patrocínio do Governo Federal. Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores do Ministério do Esporte. Os outros dois são guias, correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.
MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições: 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios paralímpicos ao país são atletismo (170 medalhas – 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).