Brasil é recordista nas Paralimpíadas com 89 medalhas e se consolida no topo
Neste domingo, as equipes brasileiras que disputaram os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 confirmaram o que desde o dia anterior já se desenhava: o Brasil consolida a quinta posição entres os países participantes, registra sua melhor campanha em todos os tempos e se consolida de vez como potência internacional no esporte paralímpico.
Essa história é feita de muitos heróis e muitas heroínas, de trajetórias de vida inspiradoras, de trabalho em equipe e, também, de planejamento e apoio público. A delegação verde-amarela teve o suporte de programas como o Bolsa Atleta.
No último dia de competições, novas estrelas. Até sábado, o Brasil disputava com a Itália quem ficaria em quinto lugar na classificação geral. Duas novas medalhas de ouro, uma na canoagem e outra no atletismo, além de uma prata também na canoagem, selaram o quinto lugar na classificação geral. A melhor campanha, antes de Paris, tinha sido conquistada em Tóquio 2021, com 22 medalhas de ouro e um total de 72 pódios, fechando na sétima posição.
O sul-mato-grossense Fernando Rufino, 39, e a carioca Tayana Medeiros, 31, brilharam este domingo e conquistaram medalhas de ouro. O canoísta venceu a prova dos 200m, na classe VL2 (usa tronco e braços na remada), em prova com dobradinha brasileira – a prata ficou com o paranaense Igor Tofalini, 41.
Fernando completou a prova em 50s47, melhor tempo na história dos Jogos, conquistando o bicampeonato paralímpico – ele foi ouro na mesma prova em Tóquio 2020. Tofalini fez 51s78 e ficou com o segundo lugar, em chegada emocionante contra o estadunidense Blake Haxton, que ficou com o bronze, completando o pódio, com o tempo de 51s81.
Fernando e Igor dominaram a prova da canoa individual 200m desde Tóquio 2020. Nos últimos três Mundiais, fizeram a dobradinha. Em Halifax 2022, Igor foi ouro e Fernando ficou com a prata. Em Duisburg 2023, e em Szeged 2024, as posições se inverteram, com o sul-mato-grossense ficando com o título, e o paranaense com o vice.
Fernando e Igor eram peões de rodeio. O sul-mato-grossense foi atropelado por um ônibus e perdeu parcialmente o movimento das pernas; depois, começou na canoagem.
O paranaense caiu de um touro e levou um pisão do animal nas costas, ficando paraplégico. Depois, ele conheceu a canoagem.
Halterofilismo
A carioca Tayana Medeiros conquistou a medalha de ouro na categoria até 86kg do halterofilismo nos Jogos Paralímpicos de Paris. Ela levantou 156kg, bateu o recorde paralímpico e ganhou sua primeira medalha no megaevento. O halterofilismo é uma das modalidades que fecha o programa desta edição dos Jogos neste domingo.
Tayana tinha como melhor levantamento 147kg nas três primeiras tentativas. Mas na quarta tentativa conseguiu levantar 156kg e ultrapassar a chinesa Feifei Zheng, que havia levantado 155kg e ficou com a prata. O bronze ficou com a chilena Marion Alejandra Serrano, com a marca de 134kg.
A atleta teve ótimos resultados recentes. Ganhou o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; a prata na equipe feminina no Mundial de Dubai 2023; a prata na Copa do Mundo de Dubai 2022, e outra prata por equipes mistas na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo 2021.
Tayana é nascida e criada no Morro da Fé, uma das favelas do Complexo da Penha, no Rio. Ela nasceu com uma doença chamada artrogripose, que comprometeu o movimento de suas pernas. Conheceu o halterofilismo depois de um evento da modalidade antes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e se apaixonou pelo esporte.
Essa foi a quarta medalha do Brasil no halterofilismo em Paris 2024. Mariana D’Andrea foi ouro na categoria até 73kg, Lara Lima bronze na categoria até 41kg, e Maria Fátima de Castro bronze na categoria até 67kg.