Com apoio da Lei Paulo Gustavo, filme sobre Luiz Melodia está em cartaz em todo país
Luiz Melodia – No Coração do Brasil celebra a vida e obra de um dos maiores intérpretes da música brasileira. Com recursos da Lei Paulo Gustavo, o documentário que está em cartaz nos cinemas tem imagens inéditas e narração em primeira pessoa. O filme resgata a essência do artista que desafiou rótulos no mercado fonográfico com sua autenticidade e liberdade musical.
“O filme inspira não só músicos, mas todos que vivem de arte no Brasil. Um filme atemporal. Luiz foi muito inspirador e muito obstinado. E o que eu costumo dizer, ele foi um menino muito sonhador. Eu acho que isso está impresso no filme, e esse sonho, essa força do sonho moveu ele por toda a carreira”, diz a produtora e roteirista Alessandra Dorgan.
Reconhecida como o maior investimento direto em cultura na história do Brasil, a Lei Paulo Gustavo, por meio de edital, contemplou a distribuidora Embaúba Filme – responsável pela distribuição do documentário.
“Essa lei foi um divisor de águas para nós. Tínhamos vários filmes para lançar, ainda sem recursos, quando a LPG em Minas Gerais abriu a possibilidade de distribuidoras inscreverem projetos de carteira de filmes. Assim, o apoio não se deu de forma pontual, filme a filme. Ele nos possibilitou um projeto em que fizemos a previsão de lançar 10 longas com o recurso”, conta Daniel Queiroz, diretor da Embaúba Filmes.
Ao total, foram repassados pelo Ministério da Cultura a estados e municípios R$ 3,8 bilhões, com os rendimentos bancários chegou a R$ 4,1 bilhões, desses, R$ 3,9 bilhões foram usados.
A LPG permitiu que estados e municípios fortalecerem suas produções culturais. No Sudeste, região cujo edital contemplou a distribuição da obra, foram executados 95,6% do montante de R$ 1,45 bilhão recebido. Minas Gerais se destacou ao utilizar 95,11% dos R$ 378.278 destinados ao estado e municípios.
“A Lei Paulo Gustavo representou um marco no fomento à cultura e demonstrou que investimentos significativos no setor produtivo foram capazes de garantir o fortalecimento do fazer cultural e o acesso a suas obras, mesmo num contexto de recuperação pós-pandemia da Covid-19. Ela confirma o enorme potencial da produção cultural como motor de desenvolvimento econômico e social. O sucesso evidente após a divulgação da execução dos recursos pelos entes federativos também reafirma o papel estratégico do Governo Federal na valorização e no fortalecimento da cultura em todas as suas dimensões”, aponta Teresa Oliveira, diretora de Fomento Direto da Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic).
O documentário
Com registros que começam ainda na infância do artista, no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro, a obra detalha uma história de luta, resistência e busca incessante pela promoção da arte e da cultura. O documentário se destaca também pela escolha estética, integralmente construída a partir de memórias da cultura e da música dos anos 1970/80.
“Então, a partir do momento que enxergamos o quanto ele sofreu tentativas de enquadramento, silenciamento e de ser colocado num lugar de marginalidade na música, a gente entendeu que o Luiz iria contar a própria história em primeira pessoa e que tudo ia ser narrado por ele”, explica.
A trilha sonora é outro ponto forte da produção. A equipe teve cuidado em manter um viés musical fiel à essência do artista. Sucessos como Pérola Negra, Juventude Transviada e Mistério da Raça embalam e traduzem a poesia única de Luiz Melodia.
“A música foi incorporada, assim como as falas do Luiz, tão importantes para que ele pudesse ter voz. A poesia dele dizia muito por ele. Uma obra enorme, importantíssima, com muitas músicas conhecidas”, pontua Alessandra.
O legado de Luiz Melodia
Segundo a produtora, o maior desafio foi traduzir a essência de Luiz nas telas, sem recorrer a explicações excessivas para o público, mostrando tanto os bastidores, quanto as grandes performances.
“Depois de entender que ele foi um cara taxado, rotulado como maldito e difícil, e entendendo a natureza dele: um homem elegante, sensível, poeta e persistente, que sabia muito bem o que queria. Ao mesmo tempo, era alguém muito elegante com as pessoas e com sua estética. Pensei: ele tem tantas outras camadas”, conta.
“Esse homem sensível, esse poeta, artista único, que tinha uma voz maravilhosa, uma das maiores vozes da Música Popular Brasileira de todos os tempos”, completa.
No Coração do Brasil pode ser assistido em Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Londrina, Maceió, Manaus, Palmas, Poços de Caldas, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória.
Entre os prêmios já conquistados estão o de Melhor Filme no In-Edit Brasil e no Festival Internacional de Cinema de Paraty. No Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, ganhou o prêmio do Júri Popular e foi considerado o Melhor Filme Sul-Americano.
“Depois de assistir ao filme, senti ainda mais orgulho desse homem corajoso e talentoso. É uma obra que encanta os jovens e emociona os mais velhos”, revela Jane Reis, viúva do cantor.