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Portela canta o Brasil de Milton Nascimento em procissão na Sapucaí

A Portela levará uma procissão para a Marquês de Sapucaí, cantando o Brasil pela voz de Milton Nascimento. Com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, a agremiação celebra pela primeira vez um artista em vida com a obra de Bituca no Sambódromo. A Azul e Branco é a última a passar pela Avenida, na terça (4), encerrando os desfiles do Grupo Especial.

A Águia promete mostrar uma verdadeira procissão, saindo do Rio de Janeiro até Minas Gerais – onde Milton Nascimento, que é carioca, cresceu – para o coroar Sol da música popular brasileira. No caminho, a escola desvenda como a obra do artista atravessou relações, marcando histórias e se tornando a trilha sonora dos brasileiros.

Os carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga contam que a passagem da agremiação não vai apresentar ao público a trajetória pessoal do cantor de 82 anos, mas suas músicas e como elas falam sobre a identidade e cultura brasileira.

“Nós não ficamos interessados em mostrar na Avenida a trajetória pessoal ou carreira do Milton Nascimento. Na verdade, o que importa para a gente é a enormidade do artista, a partir de como ele atravessa a vida das pessoas. Nós vamos vendo como o Milton faz parte do dia a dia, do cotidiano, dos momentos importantes de muitos brasileiros e, principalmente, do nosso país em geral. A música dele é importante para marcar momentos sobre cada pessoa, sobre famílias e por aí vai”, explicou Rodrigues.

“Vamos sair em procissão numa grande cantoria, exaltando, lembrando essas grandes canções que tocam o emocional do brasileiro, que falam sobre nossas identidades, nossa cultura, nossa percepção sobre a vida, sobre poesia, sobre música, até chegarmos nesse grande trono no final, em Minas Gerais, para coroá-lo como grande Sol da música popular brasileira”, continuou Gonzaga.

Músicas de Milton nascimento serão retratadas em todas as alas

Antônio e André revelam que, em cada uma das 27 alas, será como se os componentes estivessem cantando uma música de Bituca nessa caminhada até o altar, enquanto os cinco carros alegóricos serão como andores – estruturas muito utilizadas nos cortejos religiosos -, representando os fãs de Milton na jornada para a coroação do ídolo. A passagem da Portela ainda contará com três tripés e os carnavalescos destacam a abertura e o encerramento como momentos de fortes emoções para o público.

“A abertura, um momento que será bastante emocionante para o portelense, terá o símbolo da escola, a águia, de uma maneira bastante imponente e trazer alguns signos que são importantes para a escola. Vai trazer essa grande procissão, que sai de Madureira e tem cara de Portela”, apontou Antônio.

“Acreditamos muito que o final da escola seja um dos momentos mais emocionantes de todos, até porque toda aparição do Milton Nascimento é um momento de celebração, de êxtase. A gente espera que as pessoas no final do desfile se juntem à Portela, cantem e vibrem para a passagem do Milton Nascimento”, ressaltou André.

Grandezas se reverenciam

A dupla relembra que o Carnaval de 2025 será o primeiro da agremiação de Oswaldo Cruz homenageando um artista em vida. Eles destacam que a Portela e Milton se relacionam e se reverenciam em suas grandezas e acreditam que o encontro dessas potências vai resultar em um grande desfile.

“Nesses 102 anos de Portela, é a primeira vez que a escola escolhe homenagear um artista em vida. Isso dá a dimensão do Milton Nascimento para o cenário nacional, a importância dele para a música popular brasileira. A gente busca equiparar essas duas grandezas, essas duas potências. Em momento nenhum a gente coloca o Milton como maior que a Portela ou a Portela maior que o Milton. Mas, é importante que os dois estejam se reverenciando e, de alguma maneira, se homenageando nesse momento”, declarou André.

“É lindo ver como o Milton se debruça sobre a emoção portelense e como a Portela também acaba se debruçando nas emoções que o Milton Nascimento traz para dentro da escola. A Portela está muito feliz de ter o Milton conduzindo esse Carnaval e o Milton está muito feliz de ser homenageado pela Portela. Nós entendemos a grandeza do artista, da escola que a gente está trabalhando, e que a soma dessas duas potências vai resultar num grande Carnaval”, completou Antônio.

A reportagem do DIA não pôde visitar o barracão da Portela, na Cidade do Samba, por conflitos de agenda.

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