GERAL

Temperaturas se aproximam dos 50ºC na Europa e nova onda de calor extremo pode bater recorde

Depois de um final de semana escaldante em boa parte do Hemisfério Norte, a Europa se prepara para enfrentar uma nova onda de calor extremo nesta semana, com os termômetros se aproximando de recordes históricos, à medida que um novo anticiclone vindo do Saara avança sobre a região mediterrânea. O Vale da Morte, na Costa Oeste dos Estados Unidos, e Xinjiang, no oeste da China, também experimentaram temperaturas preocupantes no domingo. Autoridades alertam para riscos à saúde humana e incêndios.

A nova onda de calor extremo na Europa — batizada de Carontes, em referência ao barqueiro que carrega a alma dos mortos para o submundo na mitologia grega — pode elevar as temperaturas para quase 50ºC na ilha italiana da Sardenha até quarta-feira, segundo a Agência Espacial Europeia. A máxima histórica do continente é de 48,8ºC, alcançada na Sicília em 2021.

Ventos fortes geram um perigo adicional para a região mediterrânea, onde vários incêndios foram identificados nos arredores de Atenas, capital da Grécia, no último fim de semana, quando as temperaturas superaram os 44ºC.

Em Kouvaras, a leste de Atenas, um incêndio varreu a área e atingiu outra cidade a cerca de 40 km a sudeste da capital. A polícia deteve um homem suspeito de iniciar o foco, anunciou um porta-voz do Corpo de Bombeiros. A oeste, perto da cidade costeira de Loutraki, ao longo do canal de Corinto, as autoridades retiraram 1.200 crianças de acampamentos de verão, segundo o prefeito, Giorgos Gkionis. Ordens de retirada também foram emitidas em outras áreas ao longo da costa grega, em decorrência dos fortes ventos que aceleraram a propagação das chamas.

Aquecimento acelerado

Os alertas de calor recorde vêm à medida que as mudanças climáticas aumentam a frequência de eventos extremos em todo o Hemisfério Norte — na Europa, o aquecimento avança duas vezes mais rápido do que a média mundial, de acordo com especialistas. Isso está provocando incêndios florestais, interrompendo a infraestrutura de transporte e energia e forçando turistas e trabalhadores a buscar refúgio das altas temperaturas.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) disse na semana passada que o clima extremo provavelmente se tornará o “novo normal”, destacando a crescente urgência de reduzir as emissões de combustíveis fósseis. O apelo à ação sobre o aquecimento global ocorre quando alguns países da União Europeia recuam no ritmo da transição energética, enquanto as grandes petrolíferas dobram seus investimentos em combustíveis fósseis.

“Fenômenos meteorológicos extremos têm importantes repercussões na saúde humana, nos ecossistemas, na economia, na agricultura, na energia e no abastecimento de água”, alertou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em nota.

Em Roma, na Itália, os termômetros devem chegar aos 42 ºC na terça-feira, um recorde absoluto para a capital, segundo a agência meteorológica da Aeronáutica do país.

— Somos do Texas e está muito quente lá, pensamos que escaparíamos do calor, mas aqui está ainda mais quente — disse o turista Colman Peavy à AFP.

No Chipre, onde é esperado que as temperaturas se mantenham acima dos 40ºC até quinta-feira, um homem de 90 anos morreu em decorrência da onda de calor e outras três pessoas idosas foram internadas, informaram as autoridades de saúde.

Na Espanha, que já passou por uma semana sufocante, a agência meteorológica emitiu um alerta laranja para esta segunda-feira, com “temperaturas elevadas”, entre 38ºC e 42ºC em grande parte do país, o que representa entre cinco e 10 graus acima da média. Em algumas áreas da Andaluzia, no sul do país, o alerta é vermelho (perigo extremo), com temperaturas que podem superar 44ºC.

Na França, as temperaturas devem atingir 40°C na terça-feira no sudeste do país, de acordo com a Météo-France.

Por outro lado, o Reino Unido e as regiões nórdicas da Europa continuam evitando o calor, com temperaturas mais baixas do que o normal previstas para os próximos 10 dias. Em Oslo, capital da Noruega, as temperaturas devem cair para até 8°C, enquanto as máximas em Londres ficarão um pouco acima de 20°C, de acordo com a Maxar Technologies Inc.

Temperaturas globais recordes em junho foram seguidas pelos dias mais quentes de todos os tempos neste mês. A trajetória de calor incomparável deste ano também está sendo intensificada pelo primeiro fenômeno climático El Niño em quase quatro anos.

Isso terá um impacto crescente na economia, nos ecossistemas e na saúde. Um estudo recente mostrou que mais de 60 mil pessoas morreram na Europa por causa das ondas de calor do verão passado. O ministério da saúde italiano está recomendando que os governos locais mantenham as clínicas abertas sete dias por semana para tratar condições relacionadas ao calor, enquanto promovem atendimento domiciliar para pessoas vulneráveis.

Onda de calor ‘opressiva’ nos EUA

Nos Estados Unidos, os serviços meteorológicos destacam uma onda de calor “opressiva” para esta semana, com alertas de tornados e inundações repentinas em alta desde Long Island até grande parte da Nova Inglaterra, na Costa Leste. Por sua vez, o famoso Vale da Morte, um dos lugares mais quentes do planeta, na Costa Oeste, alcançou 53,3 ºC no domingo, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia.

Segundo informações da OMM, a temperatura mais quente já registrada na Terra foi de 56,7ºC em julho de 1913 em Furnace Creek, na Califórnia.

Vários incêndios também afetam o sul do estado e já destruíram mais de 3 mil hectares, além de provocarem retiradas da população. Já no Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos por incêndios desde o início do ano. Nesta segunda, 882 focos permaneciam ativos, incluindo 579 considerados fora de controle, de acordo com o Centro Canadense de Incêndios Florestais (CIFFC, na sigla em inglês).

Recorde na China

China registrou 52,2 ºC no domingo, na região de Xinjiang, um recorde para meados de julho, informou nesta segunda-feira o serviço meteorológico. Um vasto território parcialmente desértico no oeste chinês e que faz fronteira com vários países da Ásia Central, a região é geralmente a mais quente da China durante o verão.

O Japão, por sua vez, emitiu alertas para temperaturas elevadas em 32 dos 47 municípios do país, com os termômetros próximos ao recorde absoluto de 41,1ºC, registrado em 2018.

— Está claro que o clima mudou. Antes, a temperatura [na cidade de Yamanashi, próxima a Tóquio] nunca havia chegado aos 30ºC. Agora chega facilmente — lamentou o geólogo Tomaya Abe à AFP.

O país ainda enfrenta chuvas torrenciais que já deixaram ao menos oito mortos, enquanto na vizinha Coreia do Sul, 39 pessoas perderam a vida em decorrência das fortes chuvas dos últimos dias. (Com Bloomberg e AFP)

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