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Caso Marielle: ‘Sem dúvida, há participação de outras pessoas’, diz Flávio Dino

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou durante coletiva de imprensa que há outros envolvidos na execução de Marielle Franco e Anderson Gomes, além dos executores Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. “Sem dúvida, há a participação de outras pessoas. Isso é indiscutível. Os fatos até agora revelados e provas colhidas indicam isto. Indicam uma forte vinculação desses homicídios com a atuação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro. Até onde vai isso, as novas etapas vão revelar”, completou o ministro da Justiça, reforçando que “não existe crime perfeito”.
A Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo MPRJ nesta segunda-feira se desdobrou de uma colaboração premiada realizada entre 15 e 20 dias atrás por Élcio de Queiroz, preso por ter conduzido o carro durante a execução da vereadora. Dino afirmou que a delação foi homologada pela justiça. A operação conclui a primeira fase das investigações, com a identificação e prisão dos executores de Marielle e Anderson, com a compreensão da dinâmica do atentado. E, a partir das apreensões feitas, traz novos elementos aos autos, fundamentais para que sejam identificados os mandantes do crime.
“Nós tivemos uma colaboração premiada do senhor Élcio de Queiroz. A delação resultou na operação de hoje no Rio de Janeiro. E revelou a participação de um terceiro indivíduo, o sr. Maxwell. Também confirmou a participação dele próprio [Élcio] e do Ronnie Lessa. Foi a conclusão de uma fase da investigação com a conclusão de tudo que aconteceu na execução do crime”, afirmou Dino.
O ministro ressaltou que a narrativa de Élcio convergiu com aspectos colhidos pela PF e apontou outras pessoas como copartícipes.  Em sua delação, Élcio apontou a participação de Maxwell Simões Corrêa, confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. Na decisão do juízo da 4ª Vara Criminal da Capital, que determinou a prisão do ex-bombeiro, é citada a sua ligação com Ronnie Lessa. Maxwell teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado, um dia após o crime, da troca de placas do veículo Cobalt, usado no assassinato, se desfeito das cápsulas e munições usadas, assim como providenciado o posterior desmanche do carro.
“Há um avanço, uma espécie de mudança de patamar. Há elementos para um novo patamar, qual seja a identificação dos mandantes do crime. Há aspectos em segredo de Justiça. Nas próximas semanas haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje.
Diante das provas apresentadas, o ex-bombeiro permanece preso. “Segundo o delator, Maxwell participou da manutenção e guarda do carro, da vigilância da vereadora e, após o crime, auxilia os executores a trocar as placas do veículo, a contactar a pessoa responsável a se desfazer do carro. Ele também auxiliava na defesa dos acusados, fora outras questões, como o auxílio a se desfazer das armas. Isso demonstra que, em liberade, ele continuaria a se desfazer de provas. Foi o que constou no pedido acolhido pelo Judiciário”, informou o promotor de Justiça Eduardo Martins ao detalhar os motivos do pedido de prisão.

No dia 10 de junho de 2020, Maxwell Simões Correa foi preso e acusado de obstruir as investigações sobre a execução de Marielle e de Anderson. A prisão foi na Operação Submersus 2, deflagrada naquele dia pelo MPRJ, Corregedoria do Corpo de Bombeiros e Delegacia de Homicídios da Capital (DH).

Na época, também a promotora do MPRJ, Simone Sibilio, que respondia pela investigação do caso no órgão, afirmou, em entrevista na porta da DH, na Barra da Tijuca, que Correa foi proprietário do carro utilizado para ocultar um arsenal de armas de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da vereadora.

A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, afirmou nesta segunda-feira (24) que confia na PF e voltou a indagar sobre o mandante das mortes: “Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”. A PF abriu um inquérito em fevereiro deste ano para apurar o caso.

Os agentes também cumpriram sete mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana. O preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel.

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