ELA: chips cerebrais permitem que mulher com a doença incapacitante há 13 anos volte a se comunicar
Após 13 anos desde o seu diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença incapacitante que matou Stephen Hawking, a americana Patt Bennett, já não conseguia mais falar. Até receber quatro chips com sensores, do tamanho de um comprimido para bebês implantado em seu cérebro como parte de um ensaio clínico realizado pela Universidade de Stanford, nos EUA.
Os dispositivos possibilitaram que Patt conseguisse comunicar seus pensamentos diretamente de sua mente para um monitor de computador programado com Inteligência Artificial (IA) a uma velocidade de 62 palavras por minuto, cerca de três vezes mais rápido do que as tecnologias já existentes.
Como reporta o jornal britânico Daily Mail, foram ao todo 26 sessões, cada uma com duração de cerca de quatro horas para ensinar à AI através de sensores cerebrais, nomeados pelos pesquisadores de Stanford como interface intracortical cérebro-computador (iBCI). Com eles, foi possível verificado qual atividade cerebral corresponde a 39 fonemas ou sons principais utilizados no inglês falado.
Após uma fase intensa de testes na IA, a equipe de Stanford avançou à taxa de 62 palavras por minuto, 3,4 vezes mais rápido que o recordista anterior e muito mais próximo da taxa natural encontrada numa conversa humana, que é de 160 palavras por minuto.
O artigo publicado ainda precisa passar pela revisão por pares, a qual outros cientistas leem e opinam sobre as descobertas relatadas. Mas outros pesquisadores estão impressionados com o avanço.
— O desempenho neste artigo já está num nível que muitas pessoas que não conseguem falar desejariam, se o dispositivo estivesse pronto — explica o professor Philip Sabes, da Universidade da Califórnia, em entrevista ao MIT Technology Review no início deste ano.
O que é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)?
De acordo com o Ministério da Saúde, as causas para este tipo de esclerose, como são chamadas o grupo de doenças que promovem um aumento do tecido conjuntivo e posterior endurecimento do órgão, ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, 10% dos casos são associados à mutação genética.
Os sintomas desta condição costumam aparecer após os 50 anos, contudo, em alguns casos, também podem ser observados em pessoas de outras faixas etárias. São eles:
- Perda gradual de força e coordenação muscular;
- Incapacidade de realizar tarefas rotineiras, como subir escadas, andar e levantar;
- Dificuldades para respirar e engolir;
- Engasgar com facilidade;
- Babar;
- Gagueira (disfemia);
- Cabeça caída;
- Cãibras musculares;
- Contrações musculares;
- Problemas de dicção, como um padrão de fala lento ou anormal (arrastando as palavras);
- Alterações da voz, rouquidão;
- Perda de peso.