Vini Jr reage a prisão de torcedores do Valencia: “Que outros racistas tenham medo”
Vinicius Junior comemorou a condenação de três torcedores do Valencia a oito meses de prisão por racismo contra ele. A decisão da Justiça da Espanha foi emitada nesta segunda-feira. O atacante brasileiro do Real Madrid fora vítima de ataques racistas durante jogo no Mestalla, em maio de 2023. Os envolvidos também foram punidos com a proibição de entrada em qualquer estádio de futebol por dois anos.
“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas “jogar futebol”. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí”
Vini Jr. está concentrado com a seleção brasileira nos Estados Unidos, para a disputa da Copa América no país. Saiu do banco e participou da vitória do Brasil sobre o México, por 3 a 2, em amistoso no Texas, no sábado passado, no qual o técnico Dorival Júnior optou por testar jogadores reservas desde o início. A Seleção enfrenta os EUA em outro amistoso nesta quarta, em Orlando, e estreia na Copa América no dia 24 de junho, contra a Costa Rica, em Los Angeles.
Em março deste ano, Vinicius Junior voltou ao estádio Mestalla para novo confronto entre Valencia e Real Madrid. O brasileiro fez os dois gols dos visitantes no empate em 2 a 2. De acordo com relatório da LaLiga, Vinicius foi alvo da torcida do Valencia em pelo menos três momentos do confronto deste ano.
Logo aos oito minutos, fãs locais cantaram “Vinicius, que tonto você é” e “Vinicius, que ruim você é”. Depois, após ofensas contra o Real Madrid, a torcida Gritou “Tonto, tonto” e repetiu “Vinicius, que tonto você é” mais duas vezes, aos 23 minutos do primeiro tempo e aos cinco do segundo tempo.
Relembre os ataques racistas
Em 21 de maio, Vinicius sofreu o maior de todos os ataques racistas dentre vários sofridos nos últimos anos na Espanha. No Mestalla, em jogo entre Valencia e Real Madrid, já havia sido possível ouvir alguns gritos de “mono” (macaco, em espanhol) ao longo do jogo. Mas a situação explodiu aos 24 minutos do segundo tempo.
Numa jogada pela esquerda, Vinicius Junior foi atrapalhado por uma segunda bola dentro de campo. O atacante do Real Madrid reclamou disso com a arbitragem, e parte da torcida mais perto do gol do Valencia o hostilizou fortemente com xingamentos racistas.
Vinicius puxou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea para denunciar um determinado torcedor atrás do gol. Pelas imagens de transmissão e fotos, é possível ver que outros jogadores, dos dois times, tentam acalmar os ânimos. Caso do lateral-esquerdo Gayà, capitão do Valencia.
O árbitro então conversou com jogadores e com os técnicos dos dois times, além do quarto oficial. O sistema de som do Mestalla emitiu dois avisos: um de que a partida tinha sido paralisada por causa desse episódio de racismo, e o segundo de que ela só voltaria caso os xingamentos e cânticos fossem encerrados.
Foram cerca de oito minutos entre o início da confusão da segunda bola em campo, passando pela denúncia de racismo, até a retomada do jogo.
O segundo tempo continuou, e por volta dos 48 minutos do segundo tempo, começou mais uma confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili partiu para cima de Vinicius Junior — ambos receberam cartão amarelo inicialmente —, e outros atletas foram envolvidos.
No meio do empurra-empurra, o atacante Hugo Duro deu um mata-leão no brasileiro, segurando-o pelo pescoço. Ao se desvencilhar, Vinicius acertou o rosto do adversário. Acalmados os ânimos, o VAR chamou Burgos Bengoetxea, que reviu o lance e decidiu expulsar o brasileiro.
Após levar o cartão vermelho, Vinicius Junior saiu de campo aplaudindo e fazendo gesto com o número 2, em referência ao risco de rebaixamento do Valencia. Integrantes da comissão técnica e jogadores do time da casa foram tirar satisfação. O brasileiro precisou ser escoltado por colegas de Real Madrid.