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Hamilton pensou em desistir da F1 durante jejum de vitórias

Lewis Hamilton viveu dois anos e meio em baixa na F1 como nunca havia experimentado antes em sua longeva e bem-sucedida carreira de, até então, 103 vitórias e 15 anos seguidos com triunfos. Mas o pesadelo terminou para o heptacampeão com a vitória no GP da Inglaterra deste domingo, exorcizando muitos fantasmas em sua própria mente – incluindo o da aposentadoria.

– Quando cruzei a linha de chegada algo em mim se desfez, algo que eu estava guardando há muito tempo. Foi o final mais emocionante de uma corrida que já vivi. Sempre me perguntei por que nunca chorei! Você vê Rubens Barrichello, por exemplo, chorando e eu pensava: “Isso não acontece comigo”, mas foi muito forte. Depois de um 2021 tão difícil, estava apenas tentando seguir em frente, mas nós, como equipe, passamos por momentos delicados. Havia muitos pensamentos e dúvidas em minha mente ao longo do caminho, a ponto de, às vezes, eu querer não continuar – desabafou.

Lewis Hamilton chora após vitória no GP da Inglaterra de F1 em 2024, 945 dias depois de seu último triunfo — Foto: BENJAMIN CREMEL / AFP
Lewis Hamilton chora após vitória no GP da Inglaterra de F1 em 2024, 945 dias depois de seu último triunfo

Hamilton não ocupava o topo do pódio desde o conturbadíssimo GP da Arábia Saudita, no desfecho da temporada 2021 em 5 de dezembro – com direito a batidas entre ele e o rival Max Verstappen, campeão daquele ano.

Largando da segunda colocação neste domingo, Hamilton chegou a tomar a liderança do colega da Mercedes, George Russell. Mas ambos viram a McLaren passar por eles com muito mais ritmo. A chegada da chuva e a posterior melhora nas condições climáticas, porém, mudou o jogo.

Russell foi eliminado da disputa pela vitória devido a um problema no sistema de água de seu carro. Aí, coube a Hamilton enfrentar sozinho Lando Norris, que fez um pit stop demorado de 4s5 e ainda escolheu pneus macios para completar a corrida, sem ritmo para alcançar o compatriota.

Lewis Hamilton vence GP de Silverstone — Foto: Reuters
Lewis Hamilton vence GP de Silverstone

Em 2022, ano em que a RBR despontou como grande protagonista da F1 sob o novo regulamento, a Mercedes só ganhou uma vez: e com Russell, não Hamilton, no GP de São Paulo no Brasil. O heptacampeão foi prejudicado ao sofrer um toque de Verstappen e chegou em segundo lugar.

Conquistando nove pódios contra oito do colega mas duas posições atrás dele no Mundial, ocupando o sexto lugar, Hamilton viu terminar uma sequência de 16 temporadas com ao menos uma vitória em sua carreira. O ano de 2023 foi ainda pior para a equipe alemã, sem nenhuma vitória.

– O fato de conseguir me levantar, seguir tentando e finalmente ter êxito é a melhor sensação que me lembro de já ter tido. É muito difícil, acho que para qualquer pessoa, mas o importante é como você se mantém de pé e tem de se esforçar mais, mesmo quando sente que está no fundo do poço. Sem dúvida, houve dias entre 2021 e hoje em que senti que eu não era bom o suficiente ou que não conseguiria voltar ao patamar em que estou hoje. Mas o importante é que eu tinha ótimas pessoas ao meu redor, que continuaram a me apoiar – celebrou o heptacampeão.

A Mercedes começou 2024 em baixa: ficou muito longe do pódio nas duas primeiras corridas e ainda sofreu um abandono duplo na Austrália. Um balde de água fria que sucedeu uma chocante notícia confirmada em fevereiro: Hamilton decidiu ir para a Ferrari em 2025.

A transferência do veterano expôs um cenário interno no time muito pior que o esperado, influenciado ainda pela recusa da Mercedes em ouvir os conselhos de Hamilton no desenvolvimento do carro. O W15, portanto, demorou muito a render, abrindo caminho para rivais como McLaren e Ferrari.

Somente no GP do Canadá, nona etapa do campeonato, o time conquistou seu primeiro pódio. Pole position e terceiro colocado, Russell ganhou uma asa traseira nova e outras atualizações que vinham sendo preparadas desde Mônaco.

A Mercedes seguiu trabalhando no carro, adicionando ainda alterações em sua suspensão; Hamilton conquistou, então, seu primeiro pódio do ano na corrida seguinte, na Espanha. Ele perdeu a chance de repetir o resultado na Áustria, onde seu colega herdou a vitória após os líderes Max Verstappen e Lando Norris baterem – isso graças a uma punição de 5s por pisar na linha da entrada dos boxes.

Desembarcando em Silverstone neste fim de semana para encerrar a primeira rodada tripla de 2024, a equipe alemã parecia dispor de um ritmo extra, assim como a local McLaren: as duas se saíram bem nos treinos livres e na classificação, que teve uma dobradinha da alemã puxada por Russell.

O cenário seguiu o mesmo na corrida deste domingo; mas a antiga equipe de Hamilton apenas o assistiu vencer – pela 83ª vez com a Mercedes.

A F1 retorna daqui a duas semanas em 21 de julho, com o GP da Hungria, válido como a 13ª etapa da temporada.

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