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Conheça Naná Silva, brasileira mais jovem a entrar no ranking da WTA

Rodeada de raquetes desde o berço, Nauhany Silva vive o tênis como uma grande aventura. No próximo dia 23, a brasileira se tornará a mais jovem da história do país a entrar para o ranking mundial feminino profissional e a mais nova tenista em atividade na WTA, com catorze anos, seis meses e dez dias.

A tenista Nauhany Silva, conhecida como Naná, concede entrevista em São Paulo — Foto: Marcel Merguizo

Naná, como é carinhosamente apelidada pela família, começou sua relação com o esporte aos dois anos de idade. O pai, Paulinho Silva, colocou raquetes no bercinho da futura atleta, assim que ela nasceu. Com origem humilde, vindos de uma comunidade da Zona Sul de São Paulo, pai e filha treinavam como era possível, usando as paredes de casa e a criatividade.

– Em casa mesmo, a gente empurrava o sofá pro lado e eu ficava batendo na parede – contou a jovem tenista.

Ainda sem acesso às quadras, a menina e os pais buscavam adaptações. Um espaço livre com gramado ou mesmo o asfalto já eram suficientes para treinar. A rede podia ser substituída por uma fita amarrada em duas árvores. Em situações mais adversas, até um pé de chinelo servia para demarcar os limites da partida.

– Com seis anos, naqueles torneios abertos, ela me pediu para treinar mais: ‘Pai, eu quero treinar mais porque quero ganhar dessas meninas.’ – contou Paulinho.

A tenista Nauhany Silva, a Naná, treina observada pelo pai, Paulinho, e pelo técnico Léo Azevedo — Foto: Marcel Merguizo
A tenista Nauhany Silva, a Naná, treina observada pelo pai, Paulinho, e pelo técnico Léo Azevedo

De uma forma bem lúdica, Nauhany embarcou na aventura do esporte e acabou conquistando vitórias relevantes. O pai, que já era o treinador da menina, resolveu buscar uma equipe profissional.

– Ela vinha elevando muito o nível e a gente sabia que ela precisava estar num centro de treinamento, que é super importante, com uma equipe – disse o pai.

Danilo Ferraz, técnico atual de Naná e do projeto Rede Tênis Brasil, conta que precisou ganhar a confiança da atleta.

– Foi um desafio para ela ganhar uma nova referência, não foi da noite para o dia. Houve muita troca de comunicação para que, com o tempo, ela pudesse confiar cada vez mais no meu trabalho e se desenvolver – explicou Danilo.

Em abril, Nauhany sagrou-se campeã do Roland Garros Junior Series, em São Paulo. A conquista garantiu o convite para realizar o sonho de jogar no saibro mais famoso do mundo, pelo juvenil do Grand Slam, em Paris. Mesmo eliminada na primeira rodada pela tcheca Laura Samsonova, a brasileira não se abalou e seguiu anotando vitórias.

No último dia 9, a adolescente furou o qualifying do ITF W35 de Leme, e conquistou sua terceira pontuação em torneios profissionais. Antes, Naná chegou a vencer as partidas de estreia no W50 e no W35 de São Paulo. As três participações garantiram a entrada da tenista no ranking da WTA.

Mesmo vibrando muito com a notícia, a jovem tenista não se deslumbra com o sucesso, e lembra sempre da importância do pai na construção dessa história.

Nauhany Silva será tenista mais jovem no ranking da WTA — Foto: Reprodução/Instagram

– Sem ele eu não teria conhecido o tênis e, não estaria no ranking da WTA, então, sou muito grata. Meu pai sempre me incentivou bastante e naquela brincadeira eu adorava! Ir para a quadra me divertia muito, acabei pegando o gosto – disse Naná.

Nauhany Silva e o pai — Foto: Acervo pessoal/Nauhany Silva
Nauhany Silva e o pai

O pai, por sua vez, deixa claro seu orgulho pela filha dentro e fora de quadra.

– A gente fica muito orgulhoso e quer que a Naná continue, que ela nunca se esqueça de onde veio. Quero que ela saiba que o pai tem muito orgulho. O que mais desejo é que ela continue feliz, aprendendo e evoluindo a cada dia – disse Paulinho.

Gustavo Kuerten e Nauhany Silva — Foto: Acervo pessoal/Nauhany Silva
Gustavo Kuerten e Nauhany Silva

O diretor-técnico do Rede Tênis Brasil, Leo Azevedo, acredita na importância do esporte ocupar um lugar de lazer para a atleta de 14 anos.

– O gostar é muito importante. Isso aqui precisa continuar sendo um jogo pra ela. Quando a gente joga é por diversão. A criança começa nisso aqui sem saber o que vai ser, sem saber quais os prêmios que vêm junto com a carreira. Joga porque gosta. Então, é importante continuar fazendo com que seja um processo profissional, mas lúdico – afirmou Leo.

Em abril, Nauhany teve a oportunidade de treinar com a seleção brasileira, e reencontrou um de seus ídolos de infância, sua conterrânea, a tenista Beatriz Haddad. Entre as recordações, a adolescente guarda com carinho fotos com Bia e com o catarinense Gustavo Kuerten, ex-número 1 do mundo.

Naná Silva e Bia Haddad — Foto: Acervo pessoal/Nauhany Silva
Naná Silva e Bia Haddad

– Se ela continuar sempre ali no pelotão da frente, daqui a alguns anos, a gente pode olhar para trás e falar que a estrada foi bem construída, que estamos aonde queríamos chegar – disse Leo, confiante no futuro da jovem promessa do tênis.

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