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Contraventor Vinicius Drumond é alvo de operação contra furto de petróleo

A Polícia Civil realizou, nesta quarta-feira (5), a Operação Ouro Negro, contra integrantes de uma quadrilha especializada no furto de petróleo e derivados de dutos subterrâneos da Petrobras. O grupo é comandado por Vinicius Drumond, filho do contraventor Luizinho Drummond, e tem fortes conexões com o jogo do bicho, que financia as operações ilícitas. Foram realizados mandados de busca e apreensão em residências dos alvos, empresas de fachada e depósitos clandestinos.

A ação visa impactar o esquema de furto de combustível, mas também as bases financeiras da contravenção.
A organização funcionava com uma estrutura hierarquizada, com setores especializados em perfuração de dutos, transporte e armazenamento de combustíveis furtados, além de uma rede de informantes para monitorar ações dos policiais e empresas de fachada para lavagem de dinheiro.

Todas as atividades eram financiadas com dinheiro do jogo do bicho, utilizado para comprar equipamentos de perfuração de dutos, alugar veículos para transporte de combustíveis e pagar colaboradores envolvidos na proteção do esquema.

De acordo com as investigações, Vinicius, atual vice-presidente executivo da Imperatriz Leopoldinense, também tem envolvimento em diversas atividades ilícitas, como agiotagem, lavagem de dinheiro e corrupção, mas sua atuação é marcada pelo uso de “laranjas”, o que dificulta o rastreamento pelas autoridades. Segundo a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), as provas coletadas evidenciam sua participação direta e liderança nesse esquema.

Além de Vinicius, também são alvos da operação Franz Dias Costa e Mauro Pereira Gabry, duas figuras conhecidas e com longa trajetória neste tipo de crime. Eles participam de esquemas de furto de combustíveis e outras atividades ilícitas, atuando como peças-chave na estrutura do grupo.

De acordo com o delegado Pedro Brasil, que chefiou a operação, a organização criminosa era bem estruturada, sendo definido previamente os responsáveis por cada etapa do roubo de petróleo. Além disso, com o andamento as investigações, foi possível identificar os responsáveis do “alto comando”.

“É importante ressaltar que estamos diante de uma organização criminosa bem estruturada, com divisão de tarefas muito bem definidas, existem responsáveis pela escavação, pela perfuração, pelo transporte. E normalmente nas investigações de identidade de organização criminosa, é muito difícil a gente chegar no alto comando. E dessa vez, felizmente, nós conseguimos”, expôs.

Brasil ainda destacou que a operação não chegou ao fim e, a partir dessas apreensões, o objetivo é asfixiar financeiramente a quadrilha para que não haja novas tentativas de roubo aos dutos de combustíveis.
“Nosso objetivo agora é asfixiar financeiramente essa organização para que o que está acontecendo hoje no Rio, que estamos com a quantidade zero de perfurações, continue”, explicou.

O delegado ainda frisou que o crime não se trata somente de uma empresa lesionada financeiramente, mas também da possibilidade de ocorrer um grande desastre ambiental nos locais onde são feitas as perfurações clandestinas.
“Não se trata de um crime meramente financeiro. É um crime que, além de colocar em risco as pessoas, pode gerar tragédias ambientais sem precedentes. Um vazamento desse pode contaminar um rio, pode desabastecer cidades, pode matar a fauna marinha. Dependendo do local onde a perfuração é feita, se for ocorrer um vazamento, a gente pode ter uma das maiores tragédias ambientais do Brasil. Esse crime é muito mais grave do que aparenta”, expôs.
Quadrilha tem relação com morte de advogado no Centro

As investigações apontaram uma possível relação do grupo com a morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, alvo de disparos em frente ao prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Centro do Rio, em 26 de fevereiro de 2024. A locadora de veículos utilizada pela organização criminosa para facilitar o furto de petróleo é a mesma envolvida no caso do assassinato.

O crime teria relação com possíveis conflitos internos da contravenção, e indícios apontam o envolvimento de pessoas ligadas ao jogo do bicho. O veículo usado no homicídio foi alugado por uma empresa de fachada supostamente vinculada à mesma organização.

 

Transpetro se pronuncia sobre o crime

Procurada, a Transpetro falou, por meio de nota, sobre o crime e destacou os perigos contra a vida que a prática pode causar. Segundo a empresa, os riscos envolvem também o meio ambiente.
“A Transpetro é vítima do crime de furto de petróleo e derivados em dutos e tem como maior preocupação a preservação da vida e a segurança das pessoas e do meio ambiente”, diz trecho da nota.

Para evitar a prática, a empresa afirmou que adotou três práticas, sendo uma delas o uso de uma tecnologia que identifica e localiza ligações clandestinas nos dutos de combustíveis.

 

Confira a nota na íntegra:

A Transpetro é vítima do crime de furto de petróleo e derivados em dutos e tem como maior preocupação a preservação da vida e a segurança das pessoas e do meio ambiente. Para reduzir a ocorrência dessa prática criminosa nos dutos que opera, a companhia adota uma estratégia focada em três ações.

A utilização de uma tecnologia de ponta realizada pelo Centro Nacional de Controle e Logística (CNCL) da Transpetro, que permite a rápida localização de derivações clandestinas; o trabalho de relacionamento comunitário focado na conscientização com a população que vive no entorno dos ativos, o qual inclui a divulgação do número 168, um canal de comunicação direta entre a Transpetro e a população; além dos convênios com órgãos de segurança pública.

Essa estratégia tem resultado numa redução nos números de derivações clandestinas. Desde 2020, reduzimos em cerca de 90% o número de furtos e suas tentativas nas nossas faixas. Em 2020, foram 201 ocorrências e, no ano passado, 25.

O transporte de combustíveis por dutos é seguro e eficiente, mas intervenções criminosas podem trazer riscos à comunidade. A companhia disponibiliza o telefone 168, um canal gratuito que funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana, para receber denúncias sobre movimentação suspeita nas faixas de dutos, com sigilo garantido.

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