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Projeto Aquarius comemora 50 anos com grande festa na Praça Mauá

A esplanada aberta na Praça Mauá, com vista para a Baía de Guanabara, após as obras que remodelaram a região portuária, se encheu de gente e de música na tarde de sábado, na edição que comemorou os 50 anos do Projeto Aquarius. O maestro Roberto Tibiriçá (que em 1996, no Aquarius, regeu a “Sinfonia nº 2”, de Gustav Mahler, para mais de 150 mil pessoas, na Enseada de Botafogo) faz, com a Orquestra Sinfônica Brasileira e convidados ilustres da música popular, um passeio pela história do projeto, de concertos inesquecíveis, sempre gratuitos e ao ar livre. Apesar do tempo cinzento, algumas pessoas chegaram mais cedo, com cadeiras e até bebidas, para ficar mais próximas do palco. Outras subiram no pódio da estátua do Visconde de Mauá para ver melhor.

O Projeto Aquarius é uma realização do GLOBO, com apresentação das empresas Vale e Vibra; patrocínio do governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; apoio do Sesc-RJ; e parceria da Orquestra Sinfônica Brasileira.

— Para mim isso tem uma enorme importância, pois como presidente da Fundação Roberto Marinho estive envolvido tanto com a execução do Museu de Arte do Rio quanto do Museu do Amanhã. Trabalhei intensamente nesses dois projetos. E ao Projeto Aquarius eu ia desde pequeno com o meu pai, na Quinta da Boa Vista. — diz José Roberto Marinho, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo. — Como ainda faço parte do conselho da OSB, fico muito feliz que a gente tenha conseguido fazer novamente o Aquarius num lugar como este. O concerto de hoje tem partes interessantes e é uma homenagem ao Karabtchevsky, que bolou tudo isso com meu pai. O programa de hoje passa por vários momentos, chegando à modernidade do passinho.

No palco montado entre o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, com apresentação de Ana Paula Araújo, jornalista da TV Globo, a OSB abriu o concerto, às 17h43, com a “Marcha triunfal”, da ópera “Aída”, de Giuseppe Verdi (apresentada pelo Aquarius em 1986, na Quinta da Boa Vista, diante de cerca de 200 mil pessoas).

Em seguida, serão apresentadas obras consagradas de Heitor Villa-Lobos (“O trenzinho do caipira”), Sivuca (“Concerto sinfônico para Asa Branca”, com participação do acordeonista João Pedro Teixeira), Carlos Gomes (temas de “O Guarani”), Maurice Ravel (“Bolero”) e Piotr Ilitch Tchaikovsky (“Abertura sinfônica 1812”).

O cantor e compositor pernambucano Lenine, artista conhecido por suas colaborações com orquestras do Brasil e do exterior apresentará, com arranjo sinfônico, composições suas bem conhecidas, como “Jack soul brasileiro”, “Silêncio das estrelas”, “Leão do Norte” e “Simples assim”.

Momentos históricos

Idealizado pelo maestro Karabtchevsky, pelo jornalista Roberto Marinho (1904-2003) e pelo então gerente de Promoções do GLOBO Péricles de Barros (1935-2005), o Projeto Aquarius foi a concretização de uma ideia ousada, de inclusão cultural: a de oferecer os clássicos à fruição do grande público, em grandes espaços abertos, e assim derrubar o estigma de que essa música de grande beleza nunca deixaria de ser um produto de consumo exclusivo elite econômica.

Deste então, estimados nove milhões de pessoas compareceram às edições do projeto, que já aconteceram em espaços como a Quinta da Boa Vista, a Praia de Copacabana e o Maracanãzinho. Uma das características perenes do Aquarius foi o de mostrar as possibilidades que a orquestra clássica oferecia no encontro com as composições e os músicos populares. Em 1975, no Maracanãzinho, foi histórico o concerto regido por Karabtchevsky com Rick Wakeman, tecladista da banda inglesa de rock progressivo Yes.

Inaugurado em março de 1984, o Sambódromo recebeu em setembro daquele ano, na Praça da Apoteose um concerto do Aquarius com participação das bandas Barão Vermelho e da Blitz, para 50 mil pessoas – um prenúncio tanto das multidões que os artistas iriam encarar, pouco depois, no Rock in Rio, quanto das que acorreriam à Apoteose em festivais e shows de grandes artistas.

Outros grandes momentos do Aquarius seriam a encenação da ópera “Aida”, de Verdi (1986); o concerto em homenagem ao centenário de Villa-Lobos (1987); e a apresentação do Balé Bolshoi (1989), todos na Quinta da Boa Vista.

Em 1993, foi a vez de o arranjador e maestro dos Beatles, George Martin, reger a OSB, o Coral de Petrópolis, as Meninas Cantoras de Petrópolis e uma cacifada banda cujo solista foi o guitarrista Robertinho de Recife. Nem a chuva conseguiu fazer com que 100 mil pessoas arredassem pé da Quinta da Boa Vista, numa tarde em que o repertório do quarteto de Liverpool ganhou o mais luxuoso – e adequado – tratamento clássico.

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