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Campanha para restaurar acervo do Museu Nacional já recebeu obras de arte, fósseis e até tigre ‘empalhado’

Desde 2021, o Museu Nacional vem ampliando seu acervo por meio do projeto Recompõe, que busca recuperar parte das coleções perdidas no incêndio de 2018. A iniciativa já reuniu mais de 14 mil peças, incorporadas ao museu com o apoio de doações de instituições brasileiras, internacionais e de famílias que possuem itens de interesse público.

Entre os objetos recebidos estão conchas, fósseis, peças históricas e animais taxidermizados.

Fundado em 1808, o museu é a instituição científica mais antiga do país. Em setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, destruindo aproximadamente 85% de seu acervo, que reunia cerca de 20 milhões de peças.

A tragédia representou uma das maiores perdas patrimoniais e científicas da história do país.

Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, destaca a importância de cada doador em participar de um processo histórico de reconstrução.

“A gente sempre conversa com as pessoas sobre o que as motiva de fazer a doação. Por que elas estão doando essa peça? E geralmente está vinculado a dois pontos: o primeiro é o entendimento da necessidade da reconstrução do museu, sobretudo as instituições. Elas entendem que é importante ter o Museu Nacional de volta e, para isso, precisa ter peças originais”, disse Kellner.

 

“O segundo [ponto] é a alegria e o prazer de poder participar da reconstrução de uma instituição do porte do Museu Nacional”, acrescentou.

Refresqueira que pertenceu a Napoleão Bonaparte e doada ao acervo do Museu Nacional — Foto: Diogo Vasconcellos/ Divulgação/ Museu Nacional
Refresqueira que pertenceu a Napoleão Bonaparte e doada ao acervo do Museu Nacional

Acervo

Das mais de 14 mil peças que atualmente integram o acervo, 1.815 devem ser usadas nos novos circuitos de exposição que serão instalados no palácio.

O item doado mais conhecido é o manto tupinambá, usado em cerimônias indígenas no século XVI e doado pelo Museu Nacional da Dinamarca.

Uma doação privada de mais de 1.104 vestígios colhidos na Bacia do Araripe, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, também foi incorporada à instituição a partir do convênio com o colecionador suíço-alemão Burkhard Pohl.

Fósseis da Bacia do Araripe doados ao Museu Nacional — Foto: Cristina Boeckel/g1
Fósseis da Bacia do Araripe doados ao Museu Nacional

Também se destacam 17 peças de origem africana doadas pelo embaixador Alexandre Addor e 7 cerâmicas pré-colombianas cedidas por Gilka Leite Garcia.

Também chama a atenção um tigre taxidermizado que foi entregue por uma família à instituição.

O cantor e compositor Nando Reis contribuiu com uma coleção de conchas.

“Soube da coleção que eles tinham perdido, e achei que tinha todo o sentido doar para pessoas que vão fazer um uso muito melhor do que manter em casa. Dessa forma, a coleção ganha outro tipo de relevância”, disse o músico a pesquisadores do museu.

 

Circuitos

As peças doadas fazem parte de quatro circuitos de exposições definidos pela instituição que serão incluídos nos salões do Museu Nacional reinaugurado. A ideia é que mais de 5 mil metros quadrados de exposições estejam abertos para o público.

  • Circuito História, Ciência e Sociedade
  • Circuito Universo e Vida
  • Circuito Ambientes do Brasil
  • Circuito Diversidade Cultural

 

Reconstrução

 

Tigre taxidermizado doado ao Museu Nacional — Foto: Diogo Vasconcellos/ Divulgação/ Museu Nacional
Tigre taxidermizado doado ao Museu Nacional

O contexto do objeto, a história dele e onde foi encontrado pode ajudar a identificar itens com valor museológico.

“Às vezes, a coisa mais importante quando se tem o objeto não é ele em si, mas a história que ele carrega. Por exemplo, uma caneta, que pode ser de prata ou não. Mas a caneta que tenha sido usada pelo D. Pedro II, por exemplo, é outra caneta. A contextualização pode ser mais importante que ele em si”, explicou Kellner.

Pouca coisa sobreviveu às chamas ou pôde ser recuperada. A doação de R$ 50 milhões anunciada pelo BNDES este mês pode ajudar a devolver um dos itens mais importantes ao acervo.

Parte do dinheiro será usada na reconstrução de Luzia, um crânio encontrado em Minas Gerais na década de 1970 e considerado o fóssil mais antigo das Américas. O material foi o responsável por mudar a teoria da povoação do continente americano.

Cerca de um mês após o incêndio, os técnicos encontraram os pedaços do crânio nos escombros.

A primeira parte da reconstrução, com a reabertura das primeiras salas e dos jardins, está prevista para acontecer no dia 5 de junho, data do aniversário de 207 anos da instituição.

As informações sobre como doar e entrar em contato com o museu estão no site do projeto.

Geodo de ametista doado ao Museu Nacional — Foto: Luke Garcia/ Divulgação/ Museu Nacional
Geodo de ametista doado ao Museu Nacional

Manto sagrado do povo indígena Tupinambá foi doado ao Museu Nacional — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Manto sagrado do povo indígena Tupinambá foi doado ao Museu Nacional

Concha doada pelo cantor e compositor Nando Reis para o Museu Nacional — Foto: Diogo Vasconcellos/ Divulgação/ Museu Nacional
Concha doada pelo cantor e compositor Nando Reis para o Museu Nacional

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