Perto do Z4, Botafogo calcula risco e mantém convicções
Sem nenhuma vitória nos cinco jogos do returno e com seis pontos somados nos últimos dez jogos, o Botafogo vê o risco de rebaixamento aumentar. Apenas dois pontos separam o clube, em 14º, do Cuiabá, o primeiro na zona da degola. Ameaçado, o Alvinegro possui 25,3% de chances de descenso para a Série B, de acordo com a Bola de Cristal do Brasileirão do Extra e Globo, e é dono da terceira pior campanha como mandante na competição.
— Entendo a preocupação da torcida, porque ela também é a minha. Só há uma forma de resolver problemas: é trabalhar, e é isso que fazemos todos os dias. Olhando para a equipe, vê-se o grau de desempenho, de atitude competitiva do time — disse o técnico Luís Castro após a derrota no clássico contra o Flamengo..
Internamente, a confiança segue em alta na comissão técnica e no departamento de futebol do clube. Há consciência de que os percalços, principalmente o alto número de lesões, vêm sendo maiores que os esperados, mas a previsão era mesmo de um ano difícil, com elenco montado em duas partes, durante a competição.
Há muita crença de que as decisões tomadas — como o empréstimo do atacante Erison, artilheiro do time, para o Estoril, de Portugal, a insistência em um mesmo padrão de jogo, e o lançamento de reforços durante o ano, com troca do time base de forma recorrente— , são as melhores para o futuro a médio prazo do clube e do projeto, ainda que riscos sejam tomados. E há planos para domá-los.
Ainda que exista a conclusão que, em duas posições específicas, o elenco — e nem o time titular — não está bem servido como deveria, a expectativa interna é que a qualificação do grupo com os jogadores que chegaram na segunda janela fará o time somar os pontos necessários nas 14 rodadas finais, melhorando a cada uma, com mais entrosamento e ganho físico.
O volante Danilo, que veio do Nice (FRA), por exemplo, é considerado capaz de assumir uma vaga entre os 11, mas ainda incapaz de aguentar um tempo inteiro de jogo, como demonstrou na estreia contra o Juventude.
Sobre as críticas de que os jogadores que chegaram são coadjuvantes, faltando uma grande referência, a avaliação é que, dos três principais jogadores do elenco, apenas um está disponível: o meia Lucas Fernandes.
Há muita confiança na melhora do poder de fogo com a estreia do atacante Tiquinho Soares, que veio do futebol grego e deve estar liberado para enfrentar o Fortaleza, domingo, no Ceará. Completa o “trio de ouro” o meia Gustavo Sauer, que se recupera de infecções que sofreu no joelho após uma artroscopia realizada em junho. Ele deve estar disponível no fim de setembro, um reforço para uma importante reta final.
Ao mesmo tempo em que se anima para terminar o ano com Danilo, Sauer e Tiquinho entre os titulares, o Botafogo sabe que o roteiro de trocar o time a todo momento é perigoso — contra o Flamengo, Luís Castro conseguiu repetir o mesmo time duas vezes seguidas pela primeira vez em 28 jogos. A escolha, no entanto, é clara: em um ano de transição, entende-se que a variação até a construção total do elenco é normal e a decisão é jogar com o melhor que se pode ter no momento, dentro de um mesmo esquema.
Calculadora na mão
Segundo os cálculos do departamento de Matemática da UFMG, o time que chegar a 46 pontos possui menos de 1% de chance de ser rebaixado. O Botafogo precisa então somar 19 dos 42 pontos possíveis, ou seja, um aproveitamento de 45,2%. Hoje, o desempenho do clube é de 37%.
Com viagem marcada para Fortaleza, o Botafogo sabe que o que o mantinha afastado do Z4 era o bom desempenho fora de casa. O time carioca chegou a ser o segundo melhor visitante do campeonato ao lado do Palmeiras. Nos últimos cinco jogos, porém, conquistou apenas quatro pontos, com uma vitória e um empate.
No returno, o time ainda é o 17º em gols marcados — com apenas três — 16º em grandes chances, com cinco criadas, e o 15º time que mais precisa finalizar para balançar a rede, são 18 finalizações para um gol. Os dados são do SofaScore.