SAÚDE

Vasectomia: procedimento é reversível, mas sucesso na gravidez não é mais o mesmo

Cerca de uma semana após a decisão da Suprema Corte de derrubar Roe v. Wade ter vazado em maio, a média diária de buscas on-line pelo termo “vasectomia” quase dobrou, de acordo com a Innerbody Research, uma empresa que fornece orientação baseada em evidências para a compra de produtos e serviços de saúde em casa. Eles também descobriram que as pesquisas por “quanto custa uma vasectomia?” e “as vasectomias são reversíveis?” subiram cerca de 250%.

As vasectomias, que envolvem cortar e fundir os tubos que transportam o esperma dos testículos para a uretra, têm uma taxa de falha de apenas 0,15%, quando se trata de prevenir a gravidez, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Isso a torna um método altamente eficaz de controle de natalidade.

— Se ambos os parceiros pensam em não ter filhos, então a vasectomia é a forma mais fácil de controle de natalidade permanente — disse Sheldon Marks, professor clínico assistente de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona, em Tucson, que realiza cirurgias de reversão — Mas os casais mudam de ideia — ele pontua.

Cerca de 3% a 6% dos 300 mil pacientes que realizam a vasectomia a cada ano vão querer desfazer o procedimento, sugere a pesquisa. “Às vezes, um parceiro determinado a não ter filhos muda de opinião”, disse Marks, ou o casal estava em uma situação financeira ruim e agora tem condições para manter outro filho. Ele também realiza reversões para pessoas que estão em novos casamentos ou relacionamentos e que desejam ter filhos com os companheiros.

As vasectomias são, geralmente, reversíveis. Em uma análise de 2021 publicada na revista SN Comprehensive Clinical Medicine, os pesquisadores revisaram 25 estudos sobre reversões do procedimento entre pouco mais de 8.300 pacientes. Os autores descobriram que entre os 2.933 homens que tiveram reversão feita microscopicamente (usando um poderoso microscópio cirúrgico), cerca de 91% tiveram a fertilidade restaurada; e entre os 671 homens que os fizeram macroscopicamente (a olho nu ou com uma pequena lente de aumento), cerca de 81% tiveram a fertilidade restaurada. Os pesquisadores também calcularam que de quase 3.000 mulheres incluídas em estudos sobre reversões microscópicas, aproximadamente 73% ficaram grávidas mais tarde; e das 535 mulheres incluídas em estudos sobre procedimentos macroscópicos, em média 48% engravidaram.

Além da habilidade do cirurgião e do tipo de cirurgia, as características de cada parceiro entram em jogo no que diz respeito ao sucesso da gravidez, segundo a Mary Samplaski, urologista da Keck Medicine da USC em Los Angeles. Ela liderou um estudo publicado em 2020 na revista Urology, que procurou determinar se a idade do homem interferia na diferença dos resultados da gravidez. A equipe analisou 3.130 reversões de vasectomia — todas feitas pelo mesmo médico — e descobriu que ter uma parceira com menos de 35 anos, além de fazer a reversão dentro de 10 anos após a vasectomia, aumentou as chances de sucesso da gravidez. Se o parceiro masculino fumava, as taxas eram reduzidas.

Quando se trata da idade do provedor do esperma, “a maioria dos dados mostra que os resultados são bastante semelhantes”, apontou Samplaski. A idade da parceira também era um fator importante a ser considerado, disse, já que a qualidade dos óvulos geralmente começa a diminuir mais rapidamente na faixa dos 30 anos. Se ela for mais velha, “pode não haver sentido fazer uma reversão”, acrescentou.

As reversões de vasectomia podem ser caras, costumam custar entre US$ 5.000 e US$ 15.000 e geralmente incluem outras taxas, de acordo com a Urology Care Foundation. Esse procedimento raramente é coberto por seguro médico. Pode fazer mais sentido financeiro para um casal ter o esperma colhido e usado por meio de fertilização in vitro, segundo a Samplaski.

Se você tem certeza de que não quer nenhum — ou mais — filhos, mas está com medo da permanência de uma vasectomia, ou preocupado que possa se arrepender da decisão, preservar o esperma em um banco de esperma antes do procedimento é outra opção, de acordo com Marcos.

Não é invasivo “e valerá uma fração do que uma reversão custará mais tarde”, disse ele. “Eu encorajo as pessoas a fazerem isso, mas se elas não quiserem, podem ir em frente, fazer a vasectomia e saber que mais tarde, haverá médicos que podem fazer uma reversão e dar-lhes uma chance muito alta de sucesso.”

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