Libertadores: Conmebol avalia final única até fora do continente e pensou em tirar Flamengo e Athletico do Equador
Uma reunião da Conmebol com Flamengo e Palmeiras após a final única da Libertadores 2021, que ocorreu em Montevidéu, no Uruguai, já colocava em xeque não o modelo de disputa, mas a escolha por cidades com logística ruim para a chegada de torcedores, sobretudo do Brasil, que até ontem tiveram dificuldades com passagens e hospedagem para o duelo deste ano. Antes da partida entre Flamengo e Athletico, amanhã, em Guayaquil, a entidade chegou a discutir a possibilidade de troca de sede em função de problemas de violência no Equador. No fim das contas, se manteve fiel aos patrocinadores e aos pacotes que havia fechado com as companhias aéreas, mesmo com a baixa procura por ingressos que acabou compensada por descontos e benfeitorias.
Para as próximas edições, o Conselho da Conmebol vai debater novas soluções para o esvaziamento não só da final única da Libertadores, como também da Sul-Americana, que este ano aconteceu em Córdoba, na Argentina, entre São Paulo e Del Valle. Fato é que, entre os clubes brasileiros, as escolhas não têm sido as melhores, pois se baseiam mais em arranjos políticos com associações locais e governos da América do Sul do que na experiência para o público. Por isso, há movimentação nos bastidores para pressionar a Conmebol a fazer o jogo único em grandes estádios, em locais com melhor estrutura, até fora do continente.
O presidente Alejandro Dominguez tem uma posição pessoal favorável a essa linha de pensamento, mas teme a repercussão negativa e não pode rasgar contratos. O modelo atual em final única está previsto até o fim de 2026. O jogo decisivo de 2023 acontecerá no dia 11 de novembro, mas ainda não tem local escolhido. O Conselho Técnico da organização vai avaliar a possibilidade de uma sede alternativa, que poderia ser acionada a depender das equipes finalistas, mas a ideia é embrionária, e esbarra no mesmo problema de logística se houver troca em cima da hora. Os candidatos até agora são São Paulo (Morumbi), Porto Alegre (Beira-Rio), Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru), Medellín e Barranquilla (Colômbia).
A sensação entre dirigentes dos clubes brasileiros é que a Conmebol não sai da própria bolha, acha que o público se vira e vai ao jogo pelo apelo desportivo, o que não tem se provado verdade. Por isso não está descartada a possibilidade de repetir uma sede recente que deu certo. Para o jogo entre Flamengo e Athletico a estimativa no estádio Monumental é de 40 mil pessoas, com quase 14 mil flamenguistas e pouco mais de 1200 paranaenses. No ano passado, o público foi de quase 45 mil pessoas no estádio Centenário, que tem capacidade para 60 mil.
Parte dos rubro-negros sofreram para embarcar para o Equador com a agência que patrocina o clube, e fechou pacotes de luxo de até R$ 20 mil. Centenas de pessoas apareceram revoltadas no aeroporto do Galeão ontem para cobrar uma solução da Outsiders Tours. Alguns voos contratados pelos torcedores acabaram não se confirmando, sob a justificativa de uma possível erupção de um vulcão em Guayaquil. A empresa foi notificada pelo Flamengo para prestar esclarecimentos e atender aos clientes. Ainda é cedo para saber da real extensão do problema e se é possível reparar ou não, ou seja, se todos chegarão ao seu destino ou não. Quando o clube souber os detalhes totais pretende se posicionar de forma efetiva. Agora, o que tem feito é cobrar para a Outsiders que resolva os problemas, que passam longe da responsabilidade da Conmebol, mas são um efeito colateral do evento. Que ajudam a manchar a imagem de uma final pautada mais por interesses comerciais.