Livre, leve e solto: Como Neymar chega para sua terceira (e possível última) Copa
Turim, Itália Se na apresentação à seleção brasileira Neymar chegou atrasado, devido a uma greve de funcionários do sistema aeroviário, a verdade é que o camisa 10 tratou de se adiantar bastante para a sua terceira Copa do Mundo. Desde as férias que antecederam a atual temporada, ele se dedica na parte física para brilhar no Catar. Ontem, em Turim, treinou pela primeira vez no campo do CT da Juventus, e trouxe consigo alegria e até um breve sol no dia frio.
Aos 30 anos, o atacante busca enfim corresponder às expectativas sobre sua importância para o Brasil após surgir em 2010 como grande esperança para a conquista do hexacampeonato, que não vem há 20 anos. Após dois Mundiais decepcionantes, por lesão e eliminação, chegou a vez de deixar, enfim, uma impressão que justifique sua trajetória desde que explodiu.
Na seleção, a história já está escrita parcialmente. Nono maior artilheiro do Brasil em Copas, ao lado de Bebeto e Rivellino, com seis gols, Neymar terá a oportunidade de encostar em grandes nomes, como Careca (7 gols), Rivaldo (8) e os mais antigos como Leônidas da Silva (8), Vavá, Jairzinho e Ademir de Menezes (os três com 9 gols). Pelé, o maior de todos, tem 12. O grande goleador, porém, segue sendo Ronaldo, com 15 gols.
Mais do que a bola na rede, o grande objetivo de Neymar no Catar é ser o protagonista capaz de carregar a seleção para o título de uma forma mais coletiva. Ele persegue isso mais do que prêmios individuais como a Bola de Ouro da Fifa. Com contrato até o fim de 2024 com o PSG, da França, o jogador quer encaminhar a fase final de sua carreira na Europa em grande estilo. Para na sequência analisar o futuro na seleção e no clube.
— Neymar faz com que outros ao lado dele fiquem maiores, joguem melhor, e quem está ao lado também faz ele ser melhor. Na parte técnica, existe entrosamento grande com o pessoal da frente, eles se potencializam entre si — disse Danilo.
O lateral da Juventus também enalteceu a importância da liderança de Neymar para o clima do grupo:
— Ele é muito positivo o tempo todo. A situação pode estar um pouco pior, ele sempre joga o grupo para cima, dá confiança. Considero isso muito importante. Faz com que as pessoas enxerguem as coisas pelo melhor lado. É carismático, acostumado a conviver com grandes líderes.
Hoje, na seleção, os números são indiscutíveis. Em Copas do Mundo, Neymar soma dez jogos em duas edições. Em 2014, saiu nas quartas de final devido à lesão na coluna contra a Colômbia e desfalcou o Brasil no fatídico 7 a 1 para a Alemanha na semifinal. Em 2018, parou diante da Bélgica, nas quartas. A Copa do Mundo e Copa América são troféus que ainda faltam para o camisa 10.
O atacante já soma mais de 10 mil minutos em campo pelo Brasil, com 75 gols marcados, apenas dois a menos que o Rei Pelé, recordista no quesito. Se mantiver a média de três gols por Copa do Mundo que possui, o camisa 10 vai ultrapassar o “Atleta do Século” no Catar. No total, são 20 gols de pênalti. Pelé marcou 77 gols em jogos contra seleções, mas são 95 ao todo com a camisa da seleção principal. O aproveitamento de Neymar com a seleção é de 81,40%. São 87 vitórias, 23 empates e 11 derrotas.
Desde o ano passado, o desempenho individual tem oscilado, mas dentro de um bom nível. Criticado por aparentar estar fora de forma em setembro de 2021, em jogo pelas Eliminatórias, Neymar demonstrou irritação e protestou após vitória sobre o Chile. “A camisa era G. Tô no meu peso já. No próximo jogo peço a camisa M”, disse. Desde então, engrenou em um forte trabalho físico. Nas últimas férias, reforçou a preparação em casa antes de se apresentar, e começou a temporada pelo clube em alta rotação.