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China anuncia relaxamento geral de restrições impostas no combate à Covid-19

O governo da China anunciou nesta quarta-feira um relaxamento geral das restrições impostas contra a Covid-19, permitindo que algumas pessoas infectadas cumpram a quarentena em casa e reduzindo drasticamente a exigência de testes PCR. Sob as novas orientações, que consolidam em nível nacional um relaxamento que já vinha sendo adotado em grandes cidades, pessoas com casos moderados e assintomáticos de Covid não serão mais levadas para centros públicos de isolamento.

O anúncio ocorreu pouco mais de uma semana depois de uma onda de protestos que atingiu várias cidades e campi universitários contra as quarentenas e outras regras rígidas adotadas como parte da política conhecida como Covid zero. Bem-sucedida em limitar drasticamente o número de mortes e casos na China nos três anos da pandemia, a política se tornou inviável com a chegada da variante Ômicron, mais contagiosa, que vinha provocando seguidas quarentenas em bairros e cidades inteiras, atrapalhando o cotidiano da população e afetando o desempenho da economia.

“Vamos proteger a segurança e a saúde das pessoas ao máximo, ao mesmo tempo em que reduziremos ao mínimo o impacto no desenvolvimento social e econômico”, disse um comunicado do Mecanismo de Controle e Prevenção do Conselho de Estado, o Gabinete chinês, depois de uma reunião nesta quarta-feira.

De acordo com as novas regras nacionais, as pessoas com Covid moderada ou assintomática poderão ficar isoladas sete dias na própria casa. Aqueles que tiverem contato próximo com infectados ficarão isolados cinco dias, também em casa — antes, tinham que se isolar por oito dias, parte deles num centro de isolamento.

Além disso, será reduzida a frequência de testes PCR, considerados mais confiáveis, e serão admitidos testes rápidos. Os testes PCR obrigatórios serão restritos a áreas consideradas de alto risco, profissões de risco e escolas. As pessoas não precisarão mais apresentar um resultado negativo de teste PCR ou seu aplicativo de saúde para viagens ou ingresso em locais públicos como parques e lojas, exceto hospitais, escolas, creches e asilos para idosos.

Conjuntos residenciais e edifícios não deverão mais mais totalmente submetidos a quarentenas. Em vez disso, as áreas de alto e baixo risco serão designadas dentro dos conjuntos, afetando potencialmente um único andar ou mesmo apenas uma residência.

O comunicado do Conselho de Estado enfatizou que serviços sociais e médicos básicos precisam ser fornecidos — depois de casos de pessoas não atendidas em hospitais porque não tinham testes PCR recentes — e que a circulação de pessoas, o trabalho e a produção não devem ser restringidos em áreas de baixo risco. Aqueles que trabalham em hospitais, segurança pública, transporte, supermercados, eletricidade e aquecimento serão submetidos ainda a regras mais rígidas, de acordo com a nova política oficial.

Há uma semana, a principal autoridade chinesa na luta contra a pandemia, a vice-primeira-ministra Sun Chunlan, já havia indicado um possível relaxamento da política. Lentamente, as autoridades locais começaram a recuar das restrições em vigor nos últimos anos. O governo também já havia anunciado iniciativas para reforçar as taxas de vacinação entre os idosos, o ponto falho de sua cobertura vacinal, e generalizar a aplicação da quarta dose. A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou, na última sexta-feira, sua satisfação com a flexibilização.

As medidas anunciadas nesta quarta unificam decisões divulgadas por grandes cidades chinesas na última semana após a série de protestos, iniciados depois que um incêndio num edifício em quarentena deixou 10 mortos em Urumqi, capital da região autônoma de Xinjiang, há 13 dias.

O anúncio também acontece horas depois de o governo divulgar números que mostram o forte impacto econômico da Covid zero. As importações e exportações chinesas caíram em novembro para níveis não vistos desde 2020, quando a pandemia paralisou o país.

As mudanças ocorrem em um momento em que a China bate recorde de contágios, com uma média nos últimos sete dias de 27.576 casos, segundo dados do Our World in Data. Porém, apesar da alta quantidade de infecções, as mortes estão em nível ainda baixo — a última vítima foi registrada em 24 de novembro.

Teme-se, no entanto, que o relaxamento das restrições provoque aumentos exponenciais das mortes, sobretudo entre idosos e no interior, onde o sistema de saúde está menos preparado para lidar com uma onda de internações. Até agora, três anos depois do início da pandemia na cidade chinesa de Wuhan, o país de 1,4 bilhão de habitantes registrou um total de 1,7 milhão de casos e 5.235 mortes, um nível muito inferior aos milhares de casos e mortes registrados em nações como Estados Unidos, Brasil e Índia.

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