Uso de antidepressivos nunca deve ser interrompido abruptamente, alerta autoridade de saúde do Reino Unido
Novas diretrizes publicadas recentemente pelo Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados do Reino Unido (NICE) recomendam que a interrupção do uso de antidepressivos seja feita progressivamente e não de forma abrupta. A abordagem busca reduzir o risco de sintomas de abstinência e aumentar o número de pessoas que têm sucesso no fim do tratamento.
A atualização das recomendações oficiais, a primeira em 11 anos, foi motivada pelo aumento no uso de antidepressivos no Reino Unido. Dados do Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) mostram que um número recorde de antidepressivos está sendo distribuído – foram cerca de 21,4 milhões apenas entre julho e setembro de 2022. No último ano, as prescrições desses medicamentos aumentaram 5,1%. Pode parecer pouco, mas é o sexto aumento anual consecutivo.
Muitas pessoas desconhecem os efeitos colaterais desses medicamentos e a possibilidade de abstinência e param de tomá-los por conta própria. Por isso, o documento também orienta que a interrupção do tratamento seja feita mediante recomendação e acompanhamento de um médico especialista.
Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) são a classe de medicamentos mais usada para depressão. Eles agem impedindo que a serotonina, um neurotransmissor associado à felicidade e ao bem-estar, seja removida das sinapses, aumentando os níveis desse neurotransmissor no cérebro.
Um crescente número de evidências mostrou que suspender o uso prolongado desses medicamentos de uma vez só, causa efeitos adversos. Os sintomas, que incluem, dor de cabeça, vertigem, irritabilidade, confusão, ansiedade, sudorese, problemas de sono e alteração de sensibilidade podem durar ‘meses ou mais’, de acordo com um alerta publicado pelo Nice em 2019.
As novas recomendações afirmam que quaisquer sintomas de abstinência precisam ter sido resolvidos ou toleráveis antes de fazer a próxima redução de dose. A orientação também inclui considerações específicas para pessoas de minorias étnicas com depressão, depois que dados em 2021 mostraram que pessoas de famílias mistas, negras, britânicas negras e britânicas asiáticas tinham menos probabilidade de concluir um curso de tratamento para depressão.