Fiocruz: 80% dos enfermeiros mortos por Covid-19 no Brasil tinham menos de 60 anos
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz) traçou o perfil dos profissionais da saúde vítimas da Covid-19 e constatou uma desigualdade no impacto entre médicos e enfermeiros pela doença.
Publicado na revista científica Ciência & Saúde Coletiva, o trabalho mostrou que cerca de 80% dos profissionais de enfermagem mortos, que englobam ainda técnicos e auxiliares, tinham menos de 60 anos, enquanto 75% dos óbitos entre médicos foram acima da faixa etária – alinhado ao maior impacto entre idosos observado na população geral.
Segundo os responsáveis pelo estudo, as principais justificativas para a desigualdade observada são os tipos de vínculo trabalhista de cada profissão e média de idade dos profissionais quando iniciam a carreira.
“A enfermagem tem uma inserção mais institucional, assalariada e com tempo de trabalho pré-determinado. Boa parte da enfermagem no Brasil tem assegurado o direito formal à aposentadoria. Na medicina é exatamente o contrário, pois infelizmente os médicos estão cada vez mais de forma autônoma no mercado profissional”, sugere a pesquisadora da Ensp/Fiocruz, Maria Helena Machado, autora principal do artigo, em comunicado.
“A outra questão é que as categorias da enfermagem tem inserção no mercado de trabalho em fases da vida bastante distintas. Os técnicos podem iniciar a jornada por volta dos 18 anos, por exemplo. Os enfermeiros, assim como os médicos, precisam primeiro se formar na universidade, mas o curso de Medicina é mais longo, fazendo que com que esses profissionais entrem mais tarde no mercado, o que também contribui para o prolongamento das suas carreiras”, acrescenta.