Papa pede o fim do tráfico de pessoas após naufrágio de migrantes na Itália, que deixou mais de 70 mortos
O papa Francisco pediu neste domingo o fim do tráfico de pessoas, uma semana após o naufrágio de um barco que deixou ao menos 70 mortos, próximo à cidade italiana de Crotone, na Calábria, Sul da Itália. Os corpos, incluindo crianças, foram encontrados em uma praia turística em Steccato di Cutro, enquanto outros foram encontrados no mar horas após a tragédia.
— Renovo a todos o meu apelo para que não se repitam tragédias como esta. Que os traficantes de seres humanos sejam parados e não continuem a dispor da vida de tantos inocentes — disse o papa argentino, um fervoroso defensor de refugiados, no final da oração de Angelus. — Que as viagens da esperança não se transformem nunca mais em viagens da morte. Que as águas límpidas do Mediterrâneo não voltem mais a ser ensanguentadas por acidentes tão dramáticos.
Desde 26 de fevereiro, autoridades italianas já localizaram 70 vítimas do naufrágio, mas estimam que ainda haja entre 30 e 50 corpos desaparecidos no mar. Entre os mortos registrados até ao momento, 14 são menores, incluindo várias crianças e um recém-nascido, segundo o Ministério do Interior. Ao todo, 80 migrantes foram resgatados com vida.
Segundo os socorristas, o barco transportava cerca de 120 imigrantes do Irã, Paquistão e Afeganistão e colidiu com algumas pedras a poucos metros da costa. Os bombeiros dizem que havia “mais de 200 pessoas” a bordo.
Três pessoas suspeitas de tráfico de pessoas foram presas. Segundo a mídia italiana, cada um dos migrantes pagou entre € 5 mil e € 8 mil quando embarcaram na Turquia três dias antes.
Novas leis anti-imigratórias
O naufrágio ocorreu poucos dias após a aprovação no Parlamento italiano das polêmicas novas regras sobre o resgate de migrantes promovidas pelo governo dominado pela extrema direita, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália (FDI).
A nova lei obriga os navios humanitários a realizar apenas um resgate por viagem ao mar, o que, segundo os críticos, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo central, considerada a viagem mais perigosa do mundo para os migrantes.
A posição geográfica da Itália a torna um destino de escolha para os requerentes de asilo que se deslocam do Norte da África para a Europa.