Setor cultural cresceu mais que economia brasileira entre 2012 e 2020, diz estudo
Entre 2012 e 2020, o PIB do setor cultural aumentou mais que o brasileiro. Nesse período, a indústria da cultura cresceu 78% enquanto a economia nacional avançou 55%. A participação do PIB da cultura na economia do país cresceu de 2,72% em 2012 para 3,11% em 2020. Nesse último ano, a economia criativa contribuiu mais para o país que a indústria automobilística, que produziu 2,1% da riqueza nacional. Os dados são da plataforma “PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas”, do Observatório Itaú Cultural, lançada nesta segunda-feira (10).
A plataforma “PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas” foi elaborada por um grupo de pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, coordenados por Leandro Valiati, da Universidade de Manchester, no Reino Unido. O levantamento recolheu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e do histórico de prestação de contas da Lei Rouanet.
Foram consideradas indústrias criativas: moda, atividades artesanais, mercado editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação com foco no setor, arquitetura, publicidade, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. Em 2020, o setor cultural somava mais de 130 mil empresas no país.
O Observatório Itaú Cultural não pôde medir o PIB das indústrias criativas de 2021 e 2022 porque algumas bases de dados relativas aos dois últimos anos estão desatualizadas. No entanto, há dados sobre o último biênio. Em 2022, economia criativa respondeu por 7,4 milhões de empregos formais e informais no Brasil (7% do total). O número é 4% maior do que o registrado em 2021. Só no ano passado, o setor gerou 308,7 mil novos postos de trabalho no país.
A maioria dos trabalhadores da cultura (2,5 milhões) vive em São Paulo. A participação feminina (45%) no setor é maior que restante da economia (43%). A média salarial também é 49% maior que a nacional (R$ 2.808). Assim como o nível de formalidade: 63% contra 61%. A participação do setor cultural na economia é mais robusta em Santa Catarina (4,03%), São Paulo (3,69%) e Paraná (2,36%).
Em 2020, o peso das indústrias criativas no PIB nacional foi maior que em outros países emergentes, como Rússia (2,4%), África do Sul (2,9%) e México (2,9%).
Segundo Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, “a nova plataforma traz a real dimensão da contribuição da cultura e das indústrias criativas para o desenvolvimento econômico do Brasil”. “Agora temos um indicador para nortear o debate. A economia da cultura e das indústrias criativas são fundamentais para a geração de emprego e renda no país”, disse.
Coordenador da pesquisa, Leandro Valiati afirmou que “a construção do indicador foi um processo longo e bastante cuidadoso e envolveu consultas a especialistas no Brasil e no exterior”. “Fizemos pesquisas qualitativas com pesquisadores nacionais, oficinas com pesquisadores internacionais, verificamos especificidades da economia brasileira e tendências internacionais para chegar ao indicador, que é comparável internacionalmente”, completou.