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Pandemia deixou milhões de crianças com atraso na vacinação, aponta Unicef

pandemia da Covid-19 deixou inúmeras de marcas nas pessoas em todo o mundo nos últimos três anos, e talvez a maior delas tenha sido nas crianças.

fechamento das escolas por um longo período, o isolamento de familiares e a falta de contato em idade escolar com outras crianças possivelmente atrasaram o desenvolvimento infantil e até afetaram a circulação de vírus comuns na infância, que tiveram queda nos dois primeiros anos de pandemia.

Além disso, a pandemia deixou uma marca profunda nos indicadores de vacinação: no mundo, 48 milhões de crianças não receberam nenhuma dose preconizada da vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche), que protege contra infecções bacterianas na infância. E, considerando a necessidade dos reforços vacinais durante os primeiros 15 meses de vida, são 67 milhões de crianças com atraso vacinal.

Além do atraso na vacinação, o levantamento aponta ainda uma queda na confiança global dos imunizantes em 52 países, sendo que apenas três apresentaram aumento na confiança da população sobre vacinação: Índia, China e México. No caso do Brasil, a confiança nas vacinas caiu de 99,1%, em 2019, para 88,8%, uma redução de cerca de dez pontos percentuais.

Para Cristina Albuquerque, chefe de saúde do Unicef no país, é urgente procurar recuperar a vacinação das crianças ainda na idade adequada para a imunização. “Se não formos atrás das crianças que não foram vacinadas no período de 2019 a 2021, estas crianças correm o risco de estarem à mercê de doenças infecciosas da infância”, disse.

Como as coberturas vacinais estão em queda em todo o mundo, não só no Brasil, o relatório do fundo das Nações Unidas para infância aponta algumas diretrizes para tentar recuperar a vacinação, como por exemplo restabelecer o vínculo entre as comunidades e as famílias (com, por exemplo, ação de lideranças religiosas para estimular a imunização) e de busca ativa, procurando as crianças que não receberam nenhuma dose ou estão com atraso vacinal ativamente.

“É importante que a imunização nos estados e municípios seja homogênea. Não adianta ter um município com uma cobertura elevada e ter bolsões de baixa cobertura, porque o agente infeccioso vai continuar circulando ali”, afirma Albuquerque. “Nenhuma criança está segura enquanto todas não estiverem protegidas.”

A visão de Albuquerque faz coro ao slogan da pesquisa: “Para cada criança, vacinação”, indicando também a mudança apresentada no relatório de reportar o número de crianças sem vacina, e não de taxa vacinal. “A medida de cobertura vacinal é importante e correta do ponto de vista de saúde pública, mas optamos por trazer o número em milhões de crianças não vacinadas ou não imunizadas”, diz.

Em 2019, cerca de 13,3 milhões de crianças no mundo estavam com zero dosese 5,9 milhões com doses atrasadas (referentes à DTP3, ou terceiro reforço). Esse número saltou para 18,2 milhões e 6,8 milhões, respectivamente, em 2021, ou 1 em 5 crianças em locais pobres ou vulneráveis.

No caso do Brasil, há quase 1 em cada 3 crianças com zero dose, totalizando 1,6 milhão. Isso coloca o país na lista dos 20 com maior número de crianças sem vacinação. Em países ricos, 1 em cada 20 crianças não está imunizad adequadamente.

O levantamento do Unicef aponta ainda que cerca de 40% das crianças que estão sem a primeira dose do imunizante DTP em toda a região da América Latina e Caribe estão no Brasil.

“E isso é uma preocupação muito grande, uma vez que tudo que ocorre em um país continental do porte do Brasil impacta toda a região”, afirma Albuquerque.

A metodologia adotada no estudo foi de calcular o número de crianças que não receberam a primeira dose da vacina DTP, que no Brasil é também chamada pentavalente, pois ela protege contra cinco tipos de infecções bacterianas.

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